quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Compulsão alimentar pode ser controlada com a identificação dos fatores emocionais

Por Mary Marques guimarães | psicóloga


A obesidade enquanto doença é um fenômeno complexo e as pessoas que estão envolvidas com essa problemática não podem compreendê-la como um fator único, pois ela é decorrente de múltiplos fatores. E os aspectos psicológicos assumem um lugar de destaque no desencadear da obesidade, uma vez que muitos casos não possuem uma causa orgânica que a justifique e, em grande parte, ela nada mais é do que a expressão sintomática de um conflito existencial, ou seja, uma maneira que o indivíduo encontrou para lidar com as situações conflituosas.

Neste processo de emagrecimento, o trabalho psicológico não adota formas temporárias ou medidas mágicas. Tem como proposta um processo em que o paciente possa compreender os motivos que levaram à obesidade. É importante identificar o que está por trás da compulsão alimentar que muitas vezes esconde fragilidades psicológicas. Observamos muito nos pacientes compulsivos uma incapacidade de entender seus próprios sentimentos e dificuldade de identificar o que está errado, mas à medida que esses fatores emocionais começam a ser identificados, torna-se mais fácil de controlar a compulsão alimentar.

Muitos pacientes, depois de terem passado por vários tratamentos para emagrecer, chegam a equipe médica vendo a cirurgia bariátrica como “a luz no fim do túnel” e depositam, nesta proposta, uma enorme esperança, sem considerar que envolve um trabalho mais complexo. Portanto, não é tão simples assim operar o paciente para que todos seus problemas sejam resolvidos. Ele deve ser conscientizado de que a cirurgia será apenas uma ajuda para o tratamento da obesidade, não tendo efeito mágico. O paciente terá que se esforçar para obter os resultados desejados, pois devem existir mudanças internas para que ocorra a integração saudável entre mente e corpo. Assim, o paciente poderá aproveitar o potencial da cirurgia em seu beneficio, sem ignorar a possibilidade de que a obesidade pode ser decorrente de dificuldade afetivas e emocionais, que devem ser tratadas antes de qualquer intervenção. Desta maneira, será possível evitar surpresas desagradáveis tanto para ele mesmo quanto para a equipe que o assiste.

Jornal Obesidade, novembro de 2012.

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