sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Quando os ossos ficam porosos

Causas hereditárias, maus hábitos de vida e sedentarismo se unem para desencadear a osteoporose, que atinge uma em cada quatro mulheres acima dos 50 anos

A osteoporose, doença que deixa os ossos porosos e frágeis, acomete uma em cada quatro mulheres com idade acima de 50 anos, de acordo com dados médicos de todo o mundo. “A osteoporose na mulher é mais comum logo após o fim da menstruação, entre 45 e 55 anos, chamada de osteoporose pós-menopausa, e após os 65 anos, denominada de osteoporose senil”, explica o ortopedista Frederico Barra de Moraes, mestre e doutorando pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e também professor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da UFG.

Ele esclarece que os hormônios estrógenos, presentes durante a menstruação, são importantes para a inibição dos osteoclastos, que são as células de reabsorção do osso. “Quando a mulher entra na menopausa esses hormônios diminuem em mais de 90%, parando então de inibir os osteoclastos e causando uma rápida diminuição da massa óssea, que aumenta o risco de fraturas por trauma de baixa energia”, detalha.

Segundo ele, a prevenção deve se iniciar na infância e adolescência, até atingir o pico de massa óssea entre 20 e 30 anos. Alimentos ricos em cálcio e vitamina D (verduras, peixes, castanhas, frutas, leite e derivados), atividade física de impacto pelo menos três vezes por semana durante 30 minutos, são fatores positivos e devem ser estimulados. Já os fatores negativos como tabagismo, etilismo, sedentarismo, excesso de cafeína, refrigerantes e medicamentos devem ser evitados. A suplementação com comprimidos de cálcio e vitamina D devem ser realizado em jovens com doenças ou que usam medicações que causam osteoporose, em gestantes, em mulheres na pós-menopausa com fatores de risco, e em idosos. Além disso, o especialista diz que é importante realizar o exame de densitometria óssea na época correta, para quantificar a massa óssea e o risco de fraturas.

Frederico diz ainda que a osteoporose primária (pós-menopausa e senil) ocorrerá de forma natural nas mulheres, mas que várias doenças ou medicações podem causar osteoporose secundária. “Doenças endocrinológicas, como hiperparatiroidismo, hipertiroidismo, hipotiroidismo, diabetes, dentre outras; reumatológicas, por exemplo artrite reumatoide, lúpus, espondiloartropatias e outras; cirúrgicas, como histerectomias, ooforectomias, gastrectomias; ou medicamentos, como corticites, anticonvulsivantes, anticoagulantes, retinoides e outros; entre outras causas, podem levar ao surgimento de osteoporose e fraturas osteoporóticas em qualquer época da vida”, alerta.

O ortopedista destaca que o diagnóstico é extremamente importante e que, clinicamente, deve-se suspeitar de osteoporose caso a pessoa esteja diminuindo de altura (três centímetros por ano), aumentado a cifose dorsal (desvio postural), quando o idoso cai frequentemente, quando há fraturas por trauma de baixa energia (punho, coluna vertebral e quadril), quando o índice de massa corporal está abaixo de 19, quando tem parentes de primeiro grau com fratura do quadril e quando faz uso de corticoides ou presença de outras causas de osteoporose secundária. “O exame que faz o diagnóstico e o acompanhamento da osteoporose é a densitometria óssea, que quantifica a massa óssea e deve ser realizado em mulheres na pós-menopausa, homens acima de 65 anos, crianças ou jovens com suspeita de causas secundárias. Caso seja positiva, a densitometria deverá ser realizada anualmente”, orienta.

O objetivo do tratamento é de evitar as fraturas osteoporóticas e suas consequentes morbi-mortalidade. De acordo com ele, o índice anual tem sido de 10% de novas fraturas, 20% de mortes, 40% de limitação para deambular, e 80% de diminuição de alguma atividade de vida diária. “O tratamento deve ser realizado com a mudança de hábitos de vida, como por exemplo parar de fumar, cuidados para evitar quedas, mudar a casa para um projeto de casa segura para idosos, que incluem corrimão em banheiros e pisos antiderrapantes e orientação aos pacientes em relação à doença”, enumera.  “Sobre os medicamentos, é indicada a suplementação de 1000 mg de cálcio e 1000 UI de vitamina D diariamente, além de medicações antireabsortivas, que inibirão os osteoclastos - células que reabsorvem o osso, como raloxifeno, bisfosfonados, ou medicações anabólica, que estimulam os osteoblastos - células que formam osso, como ranelato de estrôncio e teriparatida”, acrescenta.



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