Segundo
a Organização Mundial de Saúde as razões mais frequentes de AVC
compreendem os infartos cerebrais, a hipertensão arterial, a
hemorragia cerebral, a malformação dos vasos sanguíneos, os
tumores cerebrais, os traumas e outras situações diversas. Mas
existem também outras causas menos frequentes, mas nem por isso
menos importantes. O neurologista, especialista em Neurologia
Vascular, Marco Túlio Araújo Pedatella, fala sobre algumas destas
causas.
Sabe-se
que a incidência de AVC entre as mulheres é mais alta, este fato
estaria relacionado com a diminuição de estrógenos após a
menopausa?
Nas
últimas décadas a incidência de AVC tem aumentado no sexo
feminino, segundo a maioria dos estudos (como Interstroke).
Entretanto sem relação com diminuição de estrógenos após a
menopausa. Na verdade sabemos que níveis elevados de estrógenos
aumentam risco de doença vascular, dentre elas o AVC.
Por
que as cirurgias cardíacas aumentam o risco de AVC?
Porque
na maioria das vezes pacientes submetidos a cirurgias cardíacas são
pacientes com outras doenças, como hipertensão, diabetes,
colesterol elevado, arritmias, às vezes tabagistas, o que por si só
aumentam risco de AVC. Entretanto, outro fator importante é que
durante a cirurgia esses pacientes são submetidos à circulação
extracorpórea, isto é, o sangue passa por uma máquina, o que leva
a maior risco de formação de trombos ou diminuição do fluxo
sanguíneo ao cérebro. Há ainda um maior risco da migração de
trombo cardíaco pré-existente durante a manipulação cirúrgica.
A
anemia falciforme também predispõe ao AVC?
Pacientes
com anemia falciforme quando em algumas situações especiais podem
apresentar alterações na conformação de suas hemácias (células
do sangue), fazendo com que elas adquiram forma de foice. Essas
células podem aderir à parede do vaso levando à oclusão dos
mesmos, causando o AVC isquêmico.
Por
que a hipertensão arterial é o principal fator de risco para o AVC?
A
hipertensão arterial é uma doença altamente prevalente na nossa
sociedade, sendo um fator risco tanto para AVC isquêmico por
alterações na parede dos vasos levando formação de placas, bem
como no aparecimento de algumas doenças cardíacas. É também um
fator risco para o AVC hemorrágico devido à formação de pequenos
aneurismas que podem se romper e causar sangramento. Entretanto,
todos os fatores de risco modificáveis e não modificáveis têm sua
importância, e nenhum deve ser considerado mais importante que
outro. Todos tem sua “parcela de culpa” e devemos tratá-los com
a mesma consideração.
Existem
exames cerebrais que podem detectar o risco de um AVC e assim tornar
mais fácil a prevenção? Eles são solicitados em um check-up
neurológico?
Existem
alguns exames que normalmente podem ser solicitados por qualquer
médico conforme os fatores de risco (hipertensão, diabetes,
suspeita de arritmia e outros) que o paciente apresenta, como
ecodoppler de carótidas e vertebrais, eletrocardiograma,
ecocardiograma, mas nenhum aponta com exata precisão se alguém vai
ter um AVC. Estes exames indicam apenas risco maior e necessidade de
receber tratamento clínico mais apropriado para evitar a ocorrência
do AVC.
Se
detectado o risco, existem remédios que ajudam a evitar ou apenas as
mudanças de hábitos de vida são suficientes?
Existem
medicamentos que, dependendo da causa, podem evitar um AVC,
principalmente quando associados com mudança dos hábitos de vida,
que é essencial para melhor prevenção.
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