quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Controle de peso é ideal para uma gravidez e bebê saudáveis

Engordar muito durante a gravidez prejudica a saúde da mãe e do feto. O ideal é uma orientação nutricional especializada para garantir o bem-estar de ambos

Controlar o peso durante a gravidez é uma das principais preocupações da maioria das mulheres e dos médicos que acompanham o pré-natal, já que, além do fator estético, o aumento de gordura pode afetar tanto a saúde da mãe quanto a do feto. “Durante o período gestacional a mulher tem um ambiente hormonal que favorece o acúmulo de gorduras nos dois primeiros trimestres de gestação. Esta tendência a acúmulo de gordura e, consequentemente, ganho de peso, pode ser agravado pela alimentação inadequada da gestante”, informa o ginecologista-obstetra Jurandir Piassi Passos, especialista em Medicina Fetal. “Este ganho de massa gordurosa diminui no terceiro trimestre de gestação, aparentemente devido à maior demanda pelo feto em seu desenvolvimento”, completa. 

De acordo com ele, o  ganho de peso excessivo no período gestacional tem repercussão não só do ponto de vista estético da mulher, com maior risco de aparecimento das estrias, mas também leva a maiores riscos de hipertensão e diabetes. “Estas duas afecções tem papel importante na saúde do feto, aumentando riscos de prematuridade e de morbi/mortalidade perinatal. Além disso, o peso excessivo pode levar a maiores intercorrências no momento do parto, como maior propensão a infecção de parede nas cesáreas e distocias, problemas na evolução do trabalho de parto normal”, observa.

Jurandir cita um trabalho apresentado por ginecologistas obstetras do Canadá, intitulado Teratogenicity associated with pre-existing and gestational diabetes, que mostra que pacientes com tendência à obesidade apresentam maior chance de terem quadro de intolerância à glicose ou diabetes do tipo II e que os níveis glicêmicos alterados aumentam a chance da ocorrência de anomalias fetais de duas a cinco vezes mais do que as gestantes com glicemia controlada. “O estudo mostra que as alterações estão principalmente relacionadas a cardiopatias e a alterações esqueléticas no feto. Por ser um quadro muitas vezes assintomático, a intolerância à glicose não é diagnosticada até o momento da realização dos exames de rotina do pré-natal, fase na qual os efeitos deletérios dessa glicemia alta já podem ter atingido o feto”, explica, acrescentando que, por isso, é importante que as mulheres que pretendem engravidar façam exames prévios com o intuito de diagnosticar doenças maternas com potencial efeito deletério para o futuro bebê.

Ele cita outra pesquisa, realizada também no Canadá, publicada com o título Maternal nutrition in pregnancy, que destaca que o ganho de peso materno é contabilizado pelo feto, placenta e alterações compensatórias da mulher para a gravidez e lactação subsequente. “Como mostra esta pesquisa, a questão do ganho de peso ideal é controversa. O Comitê para a nutrição do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda 10 a 12 kg; a incidência de complicações obstétricas parece mais baixa e o resultado melhor a esses valores. No entanto, o padrão de ganho de peso pode ser mais importante do que a quantidade absoluta de ganho. No primeiro trimestre o peso ganho é geralmente mínimo, cerca de 1 kg. No entanto, após a nona semana, parece haver um aumento linear de 0,3 a 0,4 kg por semana até o termo”, relata. 

O estudo mostra ainda que, enquanto no segundo trimestre o ganho de peso ocorre principalmente no compartimento materno (com expansão do volume sanguíneo, útero, hipertrofia mamária e acúmulo de tecido adiposo), no terceiro o ganho é maior no produto conceptual (feto, placenta e líquido amniótico). “Ao final da gestação, em que houve um ganho total de peso materno da ordem de 11 kg, o compartimento materno é responsável por 6 kg e o fetal por 5 kg”, descreve o médico.

CONTROLE ALIMENTAR
A pesquisa aborda também o ganho inadequado de peso durante a gravidez, normalmente definido como abaixo de 1 kg por mês no 2º e 3º trimestre, destacando que o ganho pequeno está associado a fetos com baixo peso ao nascer e maior risco de complicações maternas. “Devido à isso, gestantes com baixo ganho de peso devem ser orientadas do ponto de vista nutricional para voltarem a ganhar peso dentro do esperado para a idade gestacional em que se encontram”, afirma o trabalho.

Jurandir lembra que a principal forma de se controlar o ganho de peso excessivo na gestação é o controle alimentar, não sendo indicado o uso de medicações para controle de peso, já que podem interferir diretamente no bem-estar fetal. “Por esta razão, o ideal é que todas as gestantes tivessem orientação nutricional o mais adequada possível, de preferência com profissional especializado nesta área”, aconselha.

Revista Condomínios, agosto de 2012.

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