segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Tratamento e prevenção das lesões musculares

O tempo médio de recuperação, de acordo com o ortopedista, varia de duas a quatro semanas, o que
dependerá do tamanho da lesão e da localização


DALTON SIQUEIRA cita o PRP como novidade em tratamento
para lesões musculares

MAURO MACHADO alerta para que após a lesão o médico
seja procurado imediatamente
A s l e s õ e s e s p o r t i v a s s ã o extremamente frequentes e as lesões musculares estão entre os problemas que mais acometem os atletas, sejam eles profissionais ou amadores. “A lesão muscular possui várias classificações, mas a mais relevante é a definição de graus 1, 2 e 3”, afirma o ortopedista
Mauro Machado, médico do Goiás Esporte Clube. “A lesão grau 1 é um edema, um inchaço que ocorre na musculatura, com o mínimo de lesão em fibras musculares. A lesão grau 2 já é uma lesão maior que acomete um terço da espessura do músculo.

A 3 é uma lesão quase que total da musculatura”, complementa. O ortopedista Dalton Siqueira
Filho, que também é médico da equipe do Goiás, reitera que é a lesão mais comum nos jogadores
de futebol e que geralmente atinge pessoas que se submetem a uma carga pesada de exercícios físicos sem condicionamento adequado. “São eventos extremamente frequentes da nossa prática diária e que normalmente estão relacionados ou com excesso de trabalho, que é o caso do atleta que participou de um jogo intenso, correu bastante durante a partida, se esforçou ao extremo”, exemplifica.

Mauro acrescenta que a lesão muscular acontece também no caso em que a musculatura é submetida a um estiramento, a um alongamento maior do que pode suportar, como no caso do movimentos bruscos, que provoca uma reação semelhante a um elástico que se arrebenta, e ainda nos casos em
que a musculatura está fraca, o que  acontece principalmente em atletas de finais de semana.

Dalton Filho diz que o diagnóstico é clínico na maioria das vezes e pode precisar ser complementado por exame de imagem, sendo utilizado sobretudo a ultrassonografia, que tem vantagens como baixo custo e rapidez, possibilitando acompanhar o tamanho da lesão e a evolução do tratamento.

Tratamento
A primeira etapa do tratamento consiste em um período de repouso, quando o paciente deve se submeter à crioterapia (compressas de gelo) e ingerir medicamento anti-inflamatório. Em seguida, deve ser iniciado o tratamento com fisioterapia, que adequada para cada grupo muscular.  “Independente da lesão, a fisioterapia é essencial e é necessária uma avaliação tanto do
fisioterapeuta quanto do médico em relação ao retorno à prática esportiva”, afirma Dalton.

Uma novidade em tratamento para estas lesões, de acordo com Dalton, é o denominado PRP, sigla de Plasma Rico em Plaquetas. “É feita uma coleta de sangue do paciente, faz-se um exame de sangue para verificar número de plaquetas, se existe anemia, dentre outras doenças. Um bioquímico ou
profissional da área de farmácia faz a centrifugação deste material, separando um concentrado de plaquetas e fator de crescimento. Usa-se somente este concentrado, que, guiado pela ultrassonografia será injetado no local da lesão, provocando uma cicatrização mais rápida e mais consistente no local.
Normalmente utilizamos em lesões maiores, que possuem mais dificuldade de tratamento”, explica.

Mauro diz que um erro bastante comum do atleta amador é não procurar atendimento médico e esperar que a dor muscular melhore. “O indivíduo fica duas ou três semanas sem jogar, passa a
dor e ele acha que está bem, mas como ele não fez tratamento e não reabilitou a musculatura, provavelmente a primeira vez que ele jogar ocorrerá outra lesão próxima ao mesmo local da anterior”, avisa. “A lesão muscular cicatrizará com  ou sem tratamento. Essa cicatriz diminui
a elasticidade da musculatura e se não se faz a mecanoterapia com o intuito de reforçar e alongar a musculatura, haverá lesões repetidas próximas ao local da lesão inicial”, complementa.

A fisioterapia é dividida em dois períodos. Primeiro, a parte da crioterapia e eletroterapia, que é feita
com ultrassom, ondas curtas e laser e, em seguida a mecanoterapia, que é a fase de reabilitação da musculatura. “Deve-se ter uma musculatura forte e alongada para que essa lesão não se repita”, alerta Mauro. O tempo médio de recuperação, segundo Mauro, varia de duas a quatro semanas, o que dependerá do tamanho da lesão e da localização. “No caso de futebol profissional depende até da posição que o atleta joga, de sua característica de jogo. Por exemplo, se existe uma lesão muscular grau dois para três num atleta atacante na panturrilha ou posterior de coxa, certamente o tratamento chegará a quatro semanas, pois ele trabalha com arranque, velocidade, força e precisará muito mais desta musculatura do que se fosse um meia de campo, que trabalha mais parado”, compara. Dalton completa que, no caso do futebol as lesões mais frequentes são na região posterior de coxa, panturrilha e na musculatura do chute.

A prevenção, conforme os ortopedistas, se resume em duas palavras: reforço muscular. “Hoje, não se pratica nenhum esporte sem musculação. O piloto de fórmula 1 faz musculação, assim como o jogador de vôlei, de futebol, nadador”, comenta Mauro. “Também é ideal um alongamento adequado e um trabalho preventivo do dia a dia que os fisioterapeutas fazem específico para cada atleta. O básico é musculatura forte e alongada”, resume Dalton, acrescentado que a prevenção eficaz para atletas profissionais envolve uma equipe composta por ortopedista, preparador físico, fisiologista e fisioterapeuta.

Atleta profissional e atleta amador
A recuperação de um atleta profissional é, geralmente, mais rápida, já que o tratamento
costuma ocorrer no momento  da lesão. “No atleta profissional, além de receber o tratamento imediato, os dias subsequentes a lesão também são de tratamento intenso. O organismo responde melhor até porque possui uma condição atlética melhor. O atleta amador deve se desdobrar durante o
cotidiano e o tratamento realizado para a determinada lesão”, destaca Mauro.

Revista Ortopedia em Goiás, julho de 2012.

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