segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Puberdade precoce necessita de cuidados especiais

Problema é mais comum entre as meninas e está ligado, também, ao aumento dos casos de obesidade infantil

De acordo com RENATA MACHADO a puberdade precoce pode prejudicar o desenvolvimento
afetivo, social e emocional
A fase de virar “mocinha” ou “rapazinho” é, muitas vezes, momento de transição tanto para as crianças quanto para os pais também. E nesta fase, a puberdade — considerada normal após os oito anos nas meninas e nove nos meninos —, que surgem as primeiras características físicas de maturidade sexual nos seres humanos, caracterizada pelo aparecimento de mamas nas meninas e aumento do tamanho dos testículos nos meninos, além do crescimento dos pelos pubianos.

Quando acontece antes da idade padrão, a transição do corpo infantil para adulto pode gerar problemas físicos e psicológicos às crianças. Pesquisa realizada pelo governo dinamarquês aponta que as meninas tem cerca de 23 vezes mais chances em desenvolver a puberdade precoce. 

Possivelmente essa diferença existe devido à maior porcentagem de gordura corporal — característica
feminina normal, em comparação ao sexo masculino. Segundo a endocrinologista infantil Renata
Machado Pinto, é necessário um peso mínimo para que a puberdade seja completa. “Adolescentes muito magras não chegam a menstruar, e meninas mais novas quando ultrapassam a faixa
dos 40kg rapidamente menstruam.

Parece existir um peso corporal tal que faz o cérebro “reconhecer” aquele indivíduo como maduro para seguir com a puberdade, levando então ao despertar do hipotálamo que estimula a produção das gonadotrofinas que, por sua vez, estimulam a secreção dos hormônios sexuais pelas gônadas”.
Na maior parte dos casos esse despertar precoce dos hormônios sexuais acontece por um amadurecimento da glândula hipófise que estimula os testículos e ovários a funcionarem. 

Isto pode ocorrer devido a disfunções no sistema nervoso central como tumores, trauma de parto, alterações congênitas da hipófise, traumatismos cranianos, infecções ou até mesmo sem nenhuma causa aparente. Outras vezes a puberdade se inicia com um despertar direto do testículo, ovário sem estímulo pela hipófise ou até mesmo devido a hormônios secretados pelas glândulas suprarrenais.

TRATAMENTO
Para cada caso existe um tratamento específico. Nos casos de tumores é necessária a intervenção cirúrgica. Nos demais, o tratamento é feito com medicamentos que regulem ou inibam a produção dos hormônios sexuais masculinos e femininos. “Se estiver ainda no início, é possível que haja regressão das características sexuais, mas o mais importante é que o tratamento sempre consegue paralisar
a evolução das características sexuais, regulariza o crescimento e previne que a idade óssea avance exageradamente o que poderia levar a uma baixa estatura”, explica a endocrinologista.

O diagnóstico é feito com a realização de exames sanguíneos que detectam a quantidade dos
hormônios sexuais em relação à idade da criança, de imagem que constatam as condições do útero,
ovários, testículos ou glândulas suprarrenais, raios-X das mãos, para que seja determinada a idade óssea do indivíduo, e raios-X e ressonância magnética do crânio, para análise da atividade da hipófise e constatação de possível tumor. A partir dos resultados, o endocrinologista encaminha o melhor tratamento.

Quando somada à puberdade precoce a criança desenvolve, também, a erotização precoce, é preciso cuidado e atenção redobrados por parte dos pais. “É um corpo de adulto com a mente inocente de uma criança”, salienta Renata. Ao contrário do que alguns pensam, estímulos visuais (como imagens em televisão ou revistas) não levam à puberdade precoce, mas podem intensificar a libido, o prazer e a excitação sexual antes do tempo. Neste caso, as crianças podem ter o desenvolvimento afetivo, social e emocional prejudicados, bem como maior probabilidade de gravidez na adolescência.

Jornal Obesidade, agosto de 2012.

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