segunda-feira, 28 de maio de 2012

Prática de atividade física afeta positivamente o cérebro

Doença de Alzheimer leva, lenta, mas progressivamente, a uma série de sintomas incapacitantes. Estudos comprovam que exercitar o físico é importante para retardar os efeitos da doença

De acordo com WILLIAM FIRMO, a prática de exercícios físicos e boa alimentação podem retardar os efeitos do Alzheimer
Há muito se conhece sobre a importância da atividade física em todas as fases da vida, bem como no controle de algumas doenças. E não é diferente no caso de portadores da doença de Alzheimer. “Os benefícios de uma atividade frequente e moderada mostraram redução na evolução da doença de Alzheimer, enquanto que atividade física intensa mostra impacto significativo de até 50%, de acordo com alguns estudos”, informa o neurologista William Firmo.

A doença de Alzheimer (DA) é responsável por mais de 50% de todos os casos de demência. Conforme explica o neurologista, é uma doença crônica, relativamente lenta, porém progressiva e incapacitante. Os sintomas são variáveis e dependem da região cerebral acometida. “O fato mais emblemático é a dificuldade de guardar novas informações, que traduzimos como um comprometimento da memória recente. Em estágios iniciais a memória mais antiga, que está consolidada, mantém –se relativamente preservada”, informa o médico.

SINAIS DE ALERTA
Alterações de linguagem como dificuldade de reconhecer familiares, nomear objetos de uso frequente, e alguns sintomas comportamentais, como alterações do humor (depressão ou euforia) e agressividade, podem estar presentes. Ainda podem ocorrer distúrbios do sono, como inversão do ciclo sono-vigília, assim como os pacientes podem ser acometidos por uma grande agitação, fatos que causam impacto nos pacientes e também em seus cuidadores.

Ele ressalta que existem evidências de que a prática de atividades físicas podem não apenas retardar todos estes efeitos do Alzheimer, mas até mesmo atrasar seu surgimento. “Exercícios físicos como musculação, combinados com atividades de socializaçåo, raciocínio, coordenação motora e memória são extremamente válidos”, frisa, acrescentando que todos os estímulos empregados nesta etapa da vida são importantes. No entanto, ele lembra mais uma vez que a doença de Alzheimer pode ter ligação genética e que “estas medidas são parte de um tratamento que inclui participação multiprofissional – neurologista, geriatra, enfermagem, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, educador físico além de medicamentos”, descreve.

Para definir qual atividade física é a mais indicada, é necessário fazer uma avaliação individualizada, já que é comum a coexistência de outras doenças nesta fase da vida. “É necessário um check-up cardiovascular e ortopédico. Descartadas limitações anatômicas ou patológicas os pacientes em estágio inicial devem ser estimulados a participarem de atividades aeróbicas, ergométricas, tais como caminhada, musculação, hidroginástica e hidroterapia”, orienta William.

Conforme o médico, a atividade física deve ser encaixada na rotina do paciente, e se for encarada como algo prazeiroso, encontrará maiores chances de adesão. “Nunca é demais lembrar que todas as atividades devem ser supervisionadas por um educador físico e/ ou fisioterapeuta”, frisa.

Durante a terapia de reabilitação, independente do perfil do paciente, William afirma que o engajamento dos familiares e cuidadores têm papel fundamental na abordagem e evolução do tratamento.“Programas de educação das pessoas diretamente envolvidas nos cuidados diretos em âmbito domiciliar devem ser estimuladas, principalmente para orientar sobre evolução e aliviar stress, sobretudo dos cuidadores”, aconselha.

ALIMENTAÇÃO TAMBÉM AJUDA
O neurologista diz que outros fatores que podem contribuir para retardar os sintomas da doença de Alzheimer são dieta equilibrada, rica em frutas, cereais, legumes e peixes; sono adequado; atividades ocupacionais como música, dança, leitura: e controle de fatores cardiovasculares como hipertensão arterial, colesterol, diabetes; e evitar hábitos nocivos, como o tabagismo e alcoolismo.

Revista Neuronotícia, maio de 2012.

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