segunda-feira, 14 de maio de 2012

Diagnóstico precoce é a base para a sobrevida do câncer nos ossos

Ainda não se sabe as causas do câncer primário de osso, que também pode ser atingido pelas temidas metástases, mas a detecção em estágio inicial é vital em ambos os casos

De acordo com ROGÉRIO DE ANDRADE AMARAL os tratamentos para os tumores ósseos primários são a cirurgia e a quimioterapia  

O câncer ósseo pode ser primário, ou seja, iniciado no próprio osso, ou metastático, isto é, vindo de outros órgãos. Quem explica é o chefe do Serviço de Oncologia Ortopédica do Hospital Geral de Goiânia e oncologista ortopédico do Hospital Araújo Jorge, Rogério de Andrade Amaral. “Os tumores ósseos primários, dividem-se em vários tipos, sendo os mais comuns o mieloma,  o osteossarcoma, o Sarcoma de Ewing e o Condrossarcoma”, enumera, acrescentando que a incidência dos tumores primários é relativamente rara e corresponde a cerca de 1% de todas as neoplasias malignas nos adultos e de 6%  nas crianças. “Mas a incidência de metástase é bem maior, pois cerca de 70% dos pacientes oncológicos em fase terminal desenvolvem metástases para os ossos”, descreve.

Segundo Rogério Amaral, a causa exata da maioria dos tumores ósseos ainda não é conhecida, mas que é frequente o paciente associar um trauma com o desenvolvimento de câncer ósseo.  “No entanto, cientificamente não está nada provado, que um trauma pode levar ao desenvolvimento de neoplasias malignas ósseas”, contrapõe. “Algumas doenças, como o Paget e osteomielite crônica (infecção no osso), aumentam o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer”, destaca.

Já aqueles portadores de câncer em outros órgãos, podem desenvolver metástases para qualquer osso do corpo. Apenas o tratamento precoce e a quimioterapia podem diminuir o risco de metástase para o ossos. E nos tumores primários, como as causas ainda são desconhecidas, não existe nenhuma medida preventiva que a pessoa possa adotar.

DIAGNÓSTICO
De acordo com Rogério, o câncer ósseo é diagnosticado por meio de história clínica e exame físico. Na maioria das vezes uma radiografia simples é suficiente para o diagnóstico, em outros uma tomografia ou ressonância são necessários para visualizar o tumor. “Nas metástases ósseas, um rastreamento com exames de imagem como a cintilografia óssea ou mais recentemente o PET-CT, podem diagnosticar precocemente a doença”, afirma, complementando que, por ser uma área de difícil estudo e conduta, é importante que o paciente seja avaliado e tratado, desde o início, por médicos especialistas em oncologia.

Nos tumores ósseos primários, o tratamento básico é cirurgia e quimioterapia, que pode ser pré e pós cirurgia, dependendo do tipo de tumor, discorre o especialista. “E em alguns tumores, como o Sarcoma de Ewing, o tratamento inclui também a radioterapia”, frisa. “Nos tumores ósseos primários, o diagnóstico precoce é fundamental para um bom prognóstico e para a cura da doença. Tumores com diagnóstico tardio, volumosos, com extravasamento do osso para partes moles, têm pior prognóstico.

Nas metástases, a detecção  precoce é importante para mudança de quimioterápicos mais eficazes, e evitar uma fratura pelo tumor, as chamadas fraturas patológicas”, acrescenta. Quando diagnosticados precocemente, os tumores ósseos primários apresentam alto índice de cura, ressalta o médico, afirmando que, embora o índice seja menor,  os tumores volumosos também podem ser curados. No caso de metástases ósseas, quando únicas, o paciente pode ser curado.

Rogério informa ainda que quimioterápicos mais eficazes aumentaram a chance de preservação do membro afetado, a sobrevida e a  cura. “Na cirurgia, a maioria preserva o membro, ressecando o tumor e o osso doente, substituindo a falha óssea com endopróteses,  enxerto de banco de osso e enxerto do  próprio paciente”. Ele diz ainda que em alguns países e em alguns lugares do Brasil  o osso doente e o tumor são retirados, preparados e mergulhados em nitrogênio líquido e o osso é reimplantado, usando placa e parafusos. “Trabalhos científicos têm demonstrado que o nitrogênio líquido destrói o tumor, mas mantém o antígeno tumoral intacto, estimulando o organismo a aumentar suas defesas contra o tumor, aumentando a chance de cura”, conclui.

Revista Ortopedia em Goiás, maio de 2012.

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