sexta-feira, 20 de abril de 2012

Que venha a união

Por Iúri Rincon Godinho | jornalista e editor da Revista Medicina em Goiás

Ano que vem acontece a eleição mais importante da medicina goiana, para renovar o Conselho Regional de Medicina. É uma ação mais rara do que copa do mundo de futebol, que acontece de quatro em quatro anos. No Cremego a cada cinco anos os doutores têm a chance de decidir quem serão os representantes máximos da classe.

O último pleito foi conturbadíssimo, o termômetro eleitoral subiu às alturas com amplas acusações e a eleição não terminou com a apuração, mas continuou com uma série de tentativas jurídicas da chapa derrotada, a Ordem dos Médicos do Brasil, de tentar, sem sucesso, reverter o resultado das urnas. Foi terrível. Desmanchou a frágil união da classe, que já é naturalmente, digamos, apartada dos assuntos coletivos. A eleição do Cremego se desdobrou na disputa na Associação Médica e chegou à Unimed. 
 
Ambos os lados aprenderam bastante. Ambos possuem líderes poderosos que, juntos, seriam capazes de dar um salto de qualidade não apenas no Cremego, mas em todas as principais entidades da saúde em Goiás, passando inclusive pelo poder público. A vitória do Cremego cravou uma estaca no peito da Ordem dos Médicos do Brasil. A derrota da Ordem balançou as estruturas do Cremego e, ao que tudo indica, levou a uma reflexão profunda sobre os rumos não apenas dos médicos, mas da saúde de forma geral.

Parece que agora, faltando um ano e meio para as eleições do Conselho, existem médicos dispostos a unir os dois lados. Como me disse com razão um dos principais mentores ideológicos do grupo do Cremego, os médicos já tem diversos inimigos externos para ainda ter de cultivar colegas desafetos. 
Bem acima da nuvem de denúncias e acusações, as entidades médicas goianas  — o Cremego em primeiro lugar — são geridas por pessoas competentes, sérias, comprometidas com a causa da medicina. Se brigaram é que, paradoxalmente, há muitos mais pontos em comum entre eles do que diferenças. Então, o mais correto mesmo é desarmar a alma, sentar, conversar e construir um futuro juntos, pois os dois lados enfrentam os mesmos problemas. Bastam apenas que concordem nas soluções.
Revista Medicina em Goias, abril de 2012.

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