segunda-feira, 2 de abril de 2012

Louros de uma trajetória dedicada à ciência, especialmente com a qualificação do DOUTORADO



A ginecologista Zelma Bernardes Costa, especialista em Reprodução Assistida, acaba de defender sua tese de doutorado em Epidemiologia na Pós-Graduação do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG). Além de sua atuação na área da infertilidade conjugal, este é um dos motivos que a levaram a ser indicada ao Prêmio Mulheres em Destaque, promovido pela Revista Costume que visa o reconhecimento profissional feminino. Nesta entrevista Zelma fala sobre estes dois assuntos.


O doutorado
A pesquisa desenvolvida no meu doutorado dá sequência e aprofunda aquela realizada no mestrado, que estudou a população de gestantes atendidas pelo Teste da Mamãe, através da Secretaria Estadual de Saúde e da Apae de Goiânia. Essa ação conjunta consegue atender cerca de 90 mil gestantes por ano em Goiás, rastreando nove doenças com potencial de transmissão mãe-fi lho, entre elas o HIV. Trabalhando com essa representativa população, desenvolvemos um estudo de determinação de incidência de infecção utilizando um teste sorológico que consegue rastrear, em uma única avaliação (amostra transversal), os casos de infecção recente pelo HIV. Esse teste passou a ser utilizado ofi cialmente em levantamentos epidemiológicos pelo CDC norte americano a partir do ano de 2007 e têm sido implementado em diversos outros países. Levamos 10 meses para conseguirmos a importação do teste e o mesmo foi aplicado na população de gestantes atendidas pelo Programa da Mamãe durante o ano de 2010/2011. Nosso objetivo foi, além de identifi car as pacientes recentemente infectadas, avaliar as possíveis relações entre o risco de adquirir a infecção e fatores como idade, raça, hábitos de vida, antecedentes obstétricos, local de moradia, associação com outras doenças sexualmente transmissíveis, tipo genético do vírus, etc. Pudemos realizar um estudo de poder epidemiológico e estatístico expressivo devido à grande amostragem de gestantes atendidas pelo Programa.
Interessante é que esse teste tem um baixo custo, não exige punção venosa (pode ser aplicado em amostras de sangue coletadas por punção digital em papel fi ltro) e tem o potencial de poder ser aplicado a outras doenças, inclusive na área de reprodução assistida. Utilizado de forma adequada, certamente poderá fornecer importantes informações para direcionar medidas de prevenção e tratamento em programas de saúde pública para toda a população. Recentes estudos têm sido iniciados no Brasil e, em Goiás, essa metodologia está sendo aplicada pela primeira vez. 

Troféu Mulheres em Destaque
No mês de março o pessoal da Revista Costume me procurou, dizendo que eu havia sido indicada para receber um troféu destinado a pessoas que têm tido uma vida produtiva, do ponto de vista social, científi co e/ou empresarial. Eu havia sido indicada devido à minha atuação dentro da área de reprodução humana assistida. Atuamos há vários anos em um Serviço pioneiro no Centro-Oeste. Tivemos a oportunidade de realizar o primeiro bebê de proveta do Centro-Oeste, o primeiro congelamento de embrião, a primeira gestação por ovodoação e a primeira utilização de útero de substituição. Penso que todos os colegas atuantes nessa área da medicina reprodutiva na nossa região, e especialmente, meus colegas de trabalho, recebem comigo esse troféu. Tivemos também
a oportunidade de, através de concurso público federal há dois anos, iniciar a docência no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFG, onde temos a honra de podermos auxiliar na educação dos nossos futuros médicos.

Revista da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia, março de 2012.

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