quarta-feira, 14 de março de 2012

Transtornos neurológicos e fatores ambientais podem estar associados à insônia

Por Joseany Cardoso de Sousa | Especialista em Neurologia e Medicina do Sono

Insônia é uma queixa com diversas causas, havendo necessidade de ampla avaliação do paciente. É um sintoma que pode ocorrer isoladamente ou acompanhar uma doença. Podemos classificar a insônia em transitória (alguns dias), de curta duração (até três semanas) e crônica (mais de três semanas). O diagnóstico diferencial e o tratamento da insônia crônica podem ser um desafio.

Cerca de 1/3 da população mundial tem tendência à insônia. São fatores de risco para insônia: sexo feminino, envelhecimento, trabalho em turnos, a ocorrência de transtornos mentais ou doenças clínicas. As mulheres são as mais acometidas (cerca de 42%), porém 69% dos insones nunca relataram sua queixa de insônia para um médico e só 7% dos casos procuram tratamento. Dos que sofrem de insônia, 25% tem dificuldade para iniciar o sono, 36% tem dificuldade de manter o sono, 24% tem despertar precoce e 40% acordam cansados. A insônia pode estar associada a transtornos do sono, tais como, transtornos respiratórios, transtornos dos movimentos periódicos de membros, síndrome das pernas inquietas, bruxismo, parassonias.

Também pode estar associada a fatores ambientais inadequados e má higiene do sono, a transtornos psiquiátricos, a transtornos neurológicos (demências, doença de Parkinson, AVC, cefaleias, epilepsia, TCE e neuropatias). Possui, ainda, correlação com doenças clínicas como doenças de tireoide, IAM, DPOC, asma, refluxo gastresofágico, neoplasias, AIDS, fibromialgia e outras doenças reumatológicas.
Uma avaliação criteriosa das queixas relacionadas ao sono deve permitir uma análise das correlações dos distúrbios do sono e as doenças neurológicas. A polissonografia é considerada o “padrão ouro” para diagnóstico.

É indicada a investigação polissonográfica para as insônias na suspeita de transtornos intrínsecos do sono, na suspeita de parassonias, em insônias não responsivas ao tratamento e em insônias de etiologia não reconhecida. Nas demais patologias neurológicas é recomendado a investigação de comorbidades associadas ao sono, para com isso melhorar o prognóstico e a resposta terapêutica.

Revista Neuronotícia, fevereiro de 2012.

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