quarta-feira, 14 de março de 2012

Realidade virtual na reabilitação neurológica

Jogos virtuais interativos são usados com precisão para a reabilitação cognitiva e física de pacientes neurológicos

GUILHERME AFONSO NETO afirma que, com a reabilitação virtual os pacientes acabam gostando realizar a fisioterapia

Tratamento de pacientes neurológicos realizados por meio de games como Playstation 3, Xbox e Nintendo Wii unem a realidade virtual à ciência. Simulando movimentos sincronizados do corpo sobre um game o tratamento, conhecido como realidade virtual em reabilitação, oferece novas possibilidades de recuperação para pacientes com diversos tipos de deficiências motoras.

Em Goiânia, um dos pioneiros na utilização desse método é o fisioterapeuta Guilherme Afonso Neto, especialista em Reabilitação Neurológica, Vestibular, Geriátrica e Dor Crônica, que há três anos realiza o tratamento. “Primeiro avaliamos o paciente para saber se há necessidade de utilizar a realidade virtual. Qualquer problema que o paciente tiver em relação a equilíbrio, coordenação motora, força muscular ou desordens neurológicas como sequelas decorrentes de AVC, doença de Parkinson, TCE, dentre outras são indicadas, pois este é um tratamento que sai da rotina e os pacientes interagem”, afirma Guilherme Neto.

O fisioterapeuta explica que o equipamento tem um sensor, que capta os movimentos dos pacientes e ajuda na estimulação de reabilitação para equilíbrio, percepção cognitiva e coordenação motora. “Toda doença que requer um estímulo de algum membro afetado, este sistema proporciona resultados positivos, podendo tornar-se grande aliado da fisioterapia convencional”, destaca. “Um dos objetivos é melhorar a marcha, equilíbrio, trabalhar os reflexos, força muscular e também existe uma ação cognitiva”, complementa.

RESULTADOS POSITIVOS

Guilherme comenta que a grande barreira do idoso em fazer um trabalho de reabilitação era justamente por causa da rotina dos exercícios. “A adesão era bem menor do que hoje. Com a realidade virtual, eles acabam gostando da fisioterapia que fica mais leve e interessante. Em três ou quatro sessões eles já estão se dando bem com o equipamento”, frisa, acrescentando que são utilizados jogos como tênis de mesa, boliche, corrida, pulo, esqui, equilíbrio, para citar apenas alguns. No treinamento, existem provas físicas nas quais é possível avaliar o grau de melhora do paciente. “Os resultados do tratamento constatam avanços positivos em relação a fisioterapia convencional”, destaca.

Segundo o especialista, algumas pessoas acham que podem comprar o equipamento e fazer o tratamento em casa, mas que isso não deve ser feito, pois poderia colocar a saúde do paciente em risco. “O tratamento não é só a realidade virtual, mas adaptar essa realidade ao tratamento, que também exige alongamento, terapias manuais específicas e escolha correta de exercícios”, descreve. Isso acontece principalmente no caso de Parkinson onde existem diversos exercícios no equipamento que podem trazer danos ao paciente. “Assim se faz necessário um acompanhamento técnico no mesmo. Temos que nos atentar e eleger os exercícios adequados a cada paciente”, alerta.

“A realidade virtual, apesar de ser atrativa e divertida, deve seguir uma avaliação criteriosa de cada paciente, para assim determinar um protocolo seguro e eficaz. Algumas patologias, se não forem bem avaliadas, podem piorar o quadro”, reitera.
Outra orientação dada pelo fisioterapeuta é sobre o arraigado uso da bengala, iniciado assim que o idoso começa a perder o equilíbrio. “Isso é maléfico para o paciente pois ele vai se desequilibrando mais, além de acarretar problemas posturais. A realidade virtual vem contra esse apoio. Nossa desafio é acabar com o uso da bengala e devolver o equilíbrio”, assegura.

DIVERSÃO GARANTIDA

Um dos pacientes cuidados pelo fisioterapeuta é Elisa de Macedo Alves de Castro, 90 anos, que encontra-se em reabilitação geriátrica para reencontrar um pouco do equilíbrio (o que auxilia a evitar quedas, comuns nessa faixa etária) e para o tratamento de dores. “Comumente, o idoso já tem aquele quadro de dores articulares e a realidade virtual ajuda a melhorar a postura, a coordenação motora e aumenta a força muscular e a funcionabilidade”. O fisioterapeuta diz ainda que antigamente era bastante comum, em centros de reabilitação de idosos, tratarem somente a dor e se esquecerem da parte funcional. “Reabilitando essas funções no idoso, com certeza o quadro doloroso diminuirá”, assegura.

Dona Elisa faz o tratamento e diz que acha bastante interessante e divertido. “A gente aproveita bem os movimentos”, afirma. Segundo Guilherme Neto, o tratamento iniciado em agosto de 2011 apresenta resultados significativos.

Revista Neuronotícia, fevereiro de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário