segunda-feira, 12 de março de 2012

Arritmias: o que devemos saber

 Por Vinicius Marques Rodrigues | Especialista em cardiologia e arritmologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro e Hospital Clinic da Universidade de Barcelona (Espanha)

A palavra arritmia significa batimento descompassado da frequência cardíaca, que pode ser observado por um batimento mais acelerado ou batimento mais lento. Pode ser encontrado desde a infância até em pacientes idosos. Os principais sintomas relatados pelos pacientes são batedeiras, dores no peito, palpitações, cansaço, tonteiras e até desmaios. A maioria das arritmias são benignas, ou seja, não tem riscos de vida; algumas podem deixar sequelas, como derrame cerebrais e uma minoria pode trazer riscos de morte súbita.

Por meio dos sintomas relatados pelos pacientes, o médico especialista (cardiologista ou arritmologista) passa a realizar uma investigação com exames para a confirmação da provável arritmia. Esta investigação inicia-se com um eletrocardiograma, rotina de sangue, holter 24h (gravador dos batimentos cardíacos que o paciente deve ficar durante todo o dia), teste ergométrico (esteira), investigação de prováveis artérias obstruídas no coração (podendo ser útil até um cateterismo cardíaco) e na investigação final, quando necessária, a realização de um estudo eletrofisiológico (exame no qual utilizamos cateteres que são introduzidos por meio de uma veia e ou artéria na virilha e/ou no pescoço que são posicionados no coração, onde assim podemos estudar o coração eletricamente e assim diagnosticar as prováveis arritmias) e outros.

Confirmado assim o diagnóstico, temos como realizar ou optar melhor o tratamento, que depende de cada caso, desde o uso continuo de medicamentos, uso de marcapassos (vários tipos destes dispositivos existem no mercado, um simples estimuladores elétricos até alguns que tem a capacidade de disparar choques automáticos na presença de arritmias graves que podem levar a morte súbita). Temos ainda a opção de indicar a ablação por cateteres (procedimento similar ao estudo eletrofisiológico, porém com o objetivo de cauterizar os focos que causam as arritmias, trazendo um percentual elevado de cura, dependendo do tipo da arritmia estudada).

O paciente deve se preocupar sim em esclarecer seus sintomas, pois estes sinais que para ele são simples, para os especialistas são motivo para uma investigação avançada e podem chegar a conclusões as vezes de patologias ou doenças graves. Por meio da realização de check-ups anuais podemos evitar um mal súbito que pode valer uma vida.

Revista Cardiologia em Goiás, fevereiro de 2012.

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