segunda-feira, 12 de março de 2012

Apneia do sono pode desencadear doenças cardíacas

Um em cada 100 portadores da apneia do sono desenvolve algum tipo de evento cardiovascular fatal ou não fatal. Conhecida como Síndrome de Apneia/Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS), a desordem é caracterizada pela suspensão da respiração durante o sono pela língua, que inibe a passagem de ar ao nível da garganta. A neurologista Joseany Cardoso de Sousa, especialista em Medicina do Sono, fala sobre as cardiopatias provocadas pela doença e afirma que “a busca ativa dessa síndrome precisa ser realizada a partir de perguntas e respostas simples do cotidiano, como a presença de ronco e sonolência diurna, a fim da confirmação diagnóstica e tratamento efetivo.”

De acordo com JOSEANY CARDOSO DE SOUSA, a polissonografia é o exame mais indicado para o diagnóstico dos distúrbios respiratórios do sono
Quais são as doenças cardíacas desencadeadas pela apneia do sono?
As complicações cardiovasculares resultantes da Síndrome de Apneia/Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) incluem alterações no Sistema Nervoso Autonômico, Hipertensão Arterial, Arritmias Cardíacas, Doença Arterial Coronária (ICO), Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), podendo culminar com morte súbita.

Qual a taxa de prevalência da doença na população com hipertensão arterial?
A prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em portadores da SAHOS varia de 40% a 90% e o inverso - prevalência da SAHOS entre portadores de HAS — é de 22% a 62%. Em casos de hipertensão resistente à medicação observa-se que 83% apresentam Apneia do Sono. Cerca de 40% dos pacientes hipertensos podem ter a doença não diagnosticada. Frequentemente, esses pacientes apresentam hipertensão de difícil controle e observa-se redução importante dos níveis pressóricos após o tratamento.

Qual a arritmia cardíaca mais frequente no paciente apneico?

A maioria das arritmias ocorre em pacientes com SAHOS moderada a grave. A arritmia mais frequentemente observada em pacientes com SAHOS consiste na variação cíclica da frequência cardíaca. Esta arritmia é caracterizada por bradicardia (redução dos batimentos cardíacos) progressiva durante o período de apneia com subsequente taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos) durante o período de retorno da respiração. Evidências consistentes sugerem que pacientes com SAHOS desenvolvem mais fibrilação atrial do que pessoas não portadoras. A ocorrência de extrasistolia ventricular (ritmo cardíaco irregular) é bastante elevada e chega a acometer 74% dos apneicos.

Qual o risco do paciente desenvolver infarto?

Em pacientes com história de Doença Arterial Coronária (ICO) e sintomas de SAHOS foi demonstrada uma prevalência de 30,6%. A prevalência de SAHOS foi menor (21%) entre os controles. Dada a elevada prevalência de apneia entre os pacientes com ICO, sugere-se que estes devam ser submetidos a estudo polissonográfico de rotina. O risco de eventos cardiovasculares na população geral é significativamente maior nas primeiras horas da manhã após o despertar (habitualmente entre às seis horas da manhã e ao meio-dia). Diferentemente da população em geral, os pacientes com SAHOS morrem mais no período da meia-noite às seis horas da manhã do que no período da manhã. Quanto mais grave a SAHOS, maior a chance de o indivíduo ter morte súbita de madrugada do que em relação aos outros períodos.

Como posso investigar a apneia do sono?
A polissonografia é o exame destinado ao diagnóstico dos distúrbios respiratórios do sono deve permitir a identificação e quantificação (número e duração) dos eventos respiratórios anormais, seus efeitos sobre a saturação da hemoglobina, sua repercussão sobre a frequência e o ritmo cardíaco e sua relação com os diversos estágios do sono. É considerada o “padrão ouro” para diagnóstico.

Revista Cardiologia em Goiás, fevereiro de 2012.

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