quarta-feira, 7 de março de 2012

Aneurisma cerebral: o inimigo oculto

Por Leonardo Taveira Lopes | Médico Neurorradiologista intervensionista, responsável pelo ambulatório de neurorradiologia intervensionista do Hospital das Clínicas da UFG. Diplomado em Imagem Neurovascular Diagnóstica e Terapêutica pela Universidade de Paris - França



Aneurisma, por definição, é uma dilatação anormal segmentar de um vaso sanguíneo (artéria ou veia), que teoricamente pode localizar-se em qualquer lugar do corpo. Quando esta dilatação anormal compromete artérias do crânio, são denominados aneurismas cerebrais ou intracranianos.
Os aneurismas cerebrais são encontrados em cerca de 2% da população e sua causa ainda permanece não muito bem defi nida.

Sua incidência em crianças é extremamente baixa, sendo considerada uma lesão adquirida. Sabe-se que pacientes com parentes em primeiro grau com aneurisma cerebral tem cerca de 3 a 4 vezes mais chances de desenvolver a doença, sendo assim, o fator genético tem papel importante na sua origem. Outros fatores relacionados ao risco de ruptura dos aneurismas cerebrais são a hipertensão
arterial, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, tabagismo, colesterol alto e alguns medicamentos.

A maioria dos aneurismas cerebrais permanece assintomática até o momento da ruptura. Quando ele se rompe, determina um quadro clínico chamado de Acidente Vascular Cerebral (AVC), do tipo hemorrágico, popularmente conhecido como “derrame”. Quando isso ocorre, uma parcela dos pacientes entra em coma, alguns têm sintomas neurológicos (sintomas meníngeos) e outros
comentam sobre a forte dor de cabeça, como a “pior de toda a vida”.

Mais de 50% dos pacientes com AVC hemorrágico por rotura de aneurisma cerebral morrem e somente em cerca de 20% dos casos os pacientes se recuperam totalmente sem nenhuma sequela.
Sendo assim, devido à alta prevalência da doença e alto índice de letalidade, o ideal é que o aneurisma cerebral seja descoberto e tratado antes de se romper.

No caso de suspeita de aneurisma cerebral não roto, são indicados exames de angioressonância magnética ou angiotomografi a computadorizada, que tem alta sensibilidade na detecção da lesão.
Pacientes com quadro já instalado de AVC hemorrágico por ruptura de aneurisma cerebral devem ser submetidos à arteriografi a cerebral por cateterismo, em caráter de urgência, para planejamento terapêutico, tendo em vista que o tratamento deve ser realizado de preferência nas primeiras 24 horas.

O tratamento pode ser realizado basicamente de duas maneiras:
Tratamento convencional por meio de cirurgia com abertura do crânio pelo médico neurocirurgião e exclusão do aneurisma da circulação. Tratamento endovascular avançado por cateterismo (embolização), no qual o médico neurorradiologista intervencionista exclui o aneurisma da circulação sanguínea por meio da utilização de sistema de cateteres com auxílio de pequenas espirais metálicas de platina (micromolas), utilizando como acesso pequena punção na artéria femoral (na região da coxa), sem necessidade de abertura do crânio.

Apesar da cirurgia convencional com abertura do crânio estar bem regulamentada na literatura médica, estudos internacionais apontam menores taxas de complicações nos pacientes submetidos ao tratamento endovascular (embolização) de aneurismas cerebrais (Estudo ISAT). Sendo assim, a Sociedade Americana de Neurorradiologia Intervencionista e Terapêutica orienta que nos casos
de AVC hemorrágico por ruptura de aneurisma cerebral, o médico neurorradiologista intervencionista, sempre que possível, deve ser consultado para verifi cação da possibilidade de tratamento endovascular (embolização) como primeira escolha.

Revista Medicina em Goiás, fevereiro de 2012.

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