quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Atleta páraolímpica supera seus limites

Jani Batista superou um trágico acidente que causou a amputação de sua perna esquerda e, sem medo de ser feliz, encara novos desafios

JANI FREITAS BATISTA estimula a todos que sofreram acidentes a não desistirem da vida e a sempre lutar por seus sonhos
A estudante de Fisioterapia Jani Freitas Batista, 25 anos, está prestes a viver um acontecimento que não fez parte de seus sonhos juvenis, mas que agora a deixa encantada e até mesmo agradecida pelo rumo que a vida tomou: ela participará das Paraolimpíadas de Londres, em setembro, como membro da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei Sentado.

Isso está acontecendo porque o imponderável atingiu a vida de Jani quando tinha 20 anos. Ela morava em Alvorada do Norte de Goiás, estudava, trabalhava como vendedora, quando foi atropelada por uma carreta, enquanto ia, de moto, vender produtos na cidade vizinha, Posse. Sofreu cinco fraturas da tíbia e esmagamento de pé. Inicialmente, os médicos amputaram abaixo do joelho, mas, devido a uma infecção, teve que fazer mais três cirurgias e amputar acima do joelho.

Ela conta que o mais difícil foi ficar presa no hospital, porque nunca havia sido internada e estava acostumada à vida corrida. “Enquanto estava na cama, até que tudo bem, mas quando me levantei, vi que tudo havia mudado, que era tudo mais difícil, tive que usar muleta, depender das pessoas para cuidar de mim, foi bastante difícil. Pensei: ‘Agora estou sem perna. Como é que vai ser minha vida lá fora?’ Porque eu não conhecia ninguém deficiente”, relembra.

Como não podia deixar de ser, a mãe de Jani ficou desesperada, toda a família entrou em choque, entretanto todos se desdobraram para apoiá-la nesse momento difícil. “Evitavam chorar na minha frente. Minha família, meus amigos e meus colegas me deram bastante força. Um amigo levou pessoas com deficiência para eu conhecer, para me mostrar que eu havia perdido apenas uma perna e que a vida continuava. Então, eu me dei conta que ser atropelada por uma carreta em cima de uma moto e sobreviver tinha sonhossido um milagre. Deus tinha me dado uma nova chance e eu tinha que lutar para viver mesmo. E tudo isso foi me confortando”, afirma, com um brilho no olhar e a esperança que a fez chegar aonde está.

Um mês depois, ao sair do hospital, Jani diz que se sentiu tão feliz, que estava determinada a viver intensamente. Três meses após o acidente ganhou a primeira prótese da empresa onde trabalhava e veio colocá-la na Ortomédica em Goiânia. Foi ali que conheceu seu esposo, Cláudio Aparecido dos Santos, que trabalhava na empresa como motoboy e com quem está casada há três anos. “Quando vi o Cláudio e o Robson, amigo dele, andando normalmente, pulando, jogando futebol, vôlei, andando de moto, fiquei impressionada, porque para mim deficiente tinha que ficar em casa, trancado para o resto da vida. Quando coloquei minha prótese e percebi que dava para se acostumar a andar, fiquei ainda mais feliz”, declara.

AS MELHORES COISAS DA VIDA
Como a prótese precisava sempre de ajustes, Jani resolveu se mudar para Goiânia, o que fez junto com uma irmã. “Foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. Aqui eu convivo com pessoas que são iguais a mim; na Ortomédica conheci meu marido”, comemora. Cláudio também tem a perna esquerda amputada e ela conta que as pessoas os vêem e acham que foi o mesmo acidente, mas ele se acidentou enquanto trabalhava numa máquina agrícola.

Além do encontro feliz com o amor, Jani conheceu também a modalidade paraolímpica vôlei sentado na Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego), onde começou a jogar no final de 2007. Atualmente, faz parte do time da Associação do Deficiente Físico de Aparecida de Goiânia (Adap), que, embora tenha sido criado em outubro de 2011, já conquistou o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de Vôlei Sentado.

Há três anos foi convocada pela seleção brasileira, junto com quatro outras goianas, e vai a São Paulo treinar uma vez por mês. E, agora, a seleção prepara-se para as Paraolimpíadas na Inglaterra. “Esta será a primeira Paraolímpiada que terá a Seleção Brasileira de Vôlei Sentado Feminino. Fazer parte disso é fantástico”, festeja.

E Jani tem mais uma razão para se sentir realizada: uma prótese de alto nível, denominada Cleg, uma das melhores do planeta, com valor em torno de 130 mil reais, que está testando para a Ortomédica, e que ficará com ela. “O encaixe é transparente, por meio do qual é possível ver a reação do corpo para ver se precisa apertar ou abrir, porque ela permite que se aqueça alguns pontos para poder abrir. O pé é de carbono e o grande trunfo dessa prótese é o joelho, um dos melhores do mundo. Agora é curtir o presente e aguardar o futuro, que promete. 

A intenção de Jani é seguir a carreira de fisioterapeuta, assim como a de jogadora de vôlei. “Uma faz parte da outra. Pretendo trabalhar com deficiente na área de órteses e próteses, ensinar o paciente a andar, mostrar que não é uma coisa de outro mundo”, planeja. E para quem está passando por um problema semelhante ao dela, Jani transmite sua mensagem: “Nunca desista da vida, porque ela nos dá pequenos detalhes que nos mostram que é preciso lutar e viver”, declara.

Revista Ortopedia em Goiás, fevereiro de 2012.

7 comentários:

  1. JANI, MEU NOME É TARCISIO E FUI ACIDENTADO EM 3 DE MAIO DE 2011.FUI ARRASTADO 20 METROS PELO ONIBUS ,NAO DESMAIEI E FIQUEI 2 HRS ATÉ SUBIR PRA SALA DE CIRURGIA ISSO 2 HRS DE MUITO DOR .FUI AMPUTADO METADE DA CANELA ,DEPOIS DE 10 DIAS TIVE QUE DESARTICULAR MEU JOELHO PORQUE ESTAVA NECROZADO.
    E VEJO QUE VOCÊ TAMBEM SOFREU NÃO COM ÔNIBUS , MAS SIM CARRETA. DEUS DEU A VIDA PRA VOCÊ APARTI DALI, COMO PRA MIM TAMBEM.
    SOU DO RIO DE JANEIRO E A VIDA AQUI É MUITO CORRIDA ,EU ERA MOTOBOY E AINDA SOU E ESTOU PELO INSS ATÉ DEUS SABE QUANDO.AGORA QUERO FAZER REMO NO BOTAFOGO,AFINAL MEU TIME DE CORAÇÃO . E VENDO SEU DEPOIMENTO ME DEU UM GÁS PARA SEGUIR ESSA CARREIRA DE ATLETA. SE PODER ME ADD NO FACEBBOK MEU EMAIL ESTA AI tarcisiorj@hotmail.com
    FICA COM DEUS ! ESTAMOS VIVOS

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  2. Jani, é realmente emocionante saber e ler a sua História. Nos fazem aprender o real valor de uma conquista, de verdade. Pode ter certeza que Deus tem um plano na vida de todos, porém, é preciso ter coragem, determinação e muita espiritualidade para chegar a esse plano de Deus com êxito. Desejo cada vez mais muita saúde, felicidade, paz, amor e coragem na sua vida, e ainda muito sucesso, sucesso nessa jornada. PARABÉNS!
    Hoje, mais um dia de minha vida, tenho a honra de dizer que aprendi mais um ensinamento na vida, conhecer e levar como exmplo a sua história é um bem a vida de todos. GRANDE BRAÇO GABRIELA MAGALHÃES ( ALVORADA DO NORTE )

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  3. cara que orgulho de ver vc ai depois de tudo que passou!
    Muita sorte pra vc amiga! =*

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  4. Jani como você está linda,como sempre né?
    Sou de Alvorada e me lembro desse episódio.Primeiramente quero agradecer a Deus por ter estado presente em sua vida e de te fazer chegar onde chegou,não sabia de você a bastante tempo, depois lhe dizer que Ele vai continuar ao seu lado,não desista nunca.Te desejo muita força,saúde,sucesso e sempre que puder nos dê notícias,você me deu uma grande lição de vida não só pra mim mas pra todos que lhe conhece,lição de superação e acima de tudo confiança em Deus.Muitas felicidades pra você e seu amor que Deus os abençoe e abençoa esta união.Coloque Deus primeiramente em tudo na sua vida.Um forte abraço.

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  5. Cada pessoa é abençoada, não entendemos, as vezes, mas tudo que acontece, tem um proposito, um efeito, estes são os designios de Deus. Tem uma frase que acho oportuno em citar: "Seja em que sentido for, amanhã será melhor", abraço. Meu nome é José Sevilha Neto morei em Alvorada do Norte, hoje em Aparecida de Goiânia.

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