terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Exames de imagem auxiliam no diagnóstico da hérnia de disco

A hérnia de disco é uma doença que atinge de 2% a 3% da população e cujo tratamento exige medicamentos, exercícios físicos, mudanças posturais e pode necessitar de cirurgia

RODRIGO BORGES diz que os avanços tecnológicos só
tem a contribuir para o tratamento da hérnia de disco
A lombalgia é a queixa mais frequente no consultório do ortopedista. Estudos epidemiológicos mostram que 80% das pessoas apresentarão esta queixa em algum momento da vida.
E uma das causas dessa dor é a hérnia de disco, uma doença extremamente comum, que causa inabilidade em seus portadores, constituindo um problema de saúde pública mundial. “Estima-se que 2 a 3% da população sejam acometidos desse processo, cuja prevalência é de 4,8% em homens e 2,5% em mulheres, acima dos 35 anos. 

A idade média para o aparecimento do primeiro episódio é de aproximadamente 37 anos, sendo
que em 76% dos casos há antecedente de uma crise álgica uma década antes”, informa o ortopedista Rodrigo Borges Di Ferreira, que é também professor universitário e preceptor da residência
médica em Ortopedia na área da Coluna Vertebral no Hospital Geral de Goiânia (HGG).

Ele explica que a hérnia de disco atinge o disco intervertebral, que é uma estrutura entre duas vértebras e que desempenha um papel vital no funcionamento da coluna vertebral, com funções primordiais de estabilização, absorção e transmissão da carga, isto é, de amortecimento. “O disco intervertebral é, basicamente, dividido em duas partes, uma externa, chamado de Ânulo Fibroso, e outra interna, o
Núcleo Pulposo. A hérnia de disco é quando ocorre uma ruptura nas fibras do ânulo fibroso com subsequente deslocamento (extravasamento) do núcleo pulposo, geralmente em direção ao canal vertebral, onde se localiza a medula espinhal e/ou as raízes nervosas. Podem ser vários tipos, sendo as mais comuns as hérnias discais contidas (protusão) e as não contidas (extrusas ou sequestradas)”, defi ne o médico.

Segundo ele, desde longa data os estudiosos têm levantado hipóteses sobre a origem e os fatores ambientais que contribuem para o aparecimento da doença, como o fato de carregar peso, dirigir, fumar, obesidade e sedentarismo. No entanto, sua origem é ainda desconhecida. “A maioria dos
trabalhos científicos recentes vem demonstrando que a herança genética tem sido o principal fator na gênese da hérnia de disco e na doença degenerativa discal, ou seja no 'envelhecimento' do
disco intervertebral”, esclarece.

TRATAMENTO
De acordo com o ortopedista, o diagnóstico da hérnia discal é clínico, porém são utilizados exames de
imagem que auxiliam a confirmar a suspeita da hérnia de disco. “O exame ‘padrão-ouro’, isto é, o exame de eleição é a Ressonância Nuclear Magnética (RNM) por apresentar maior sensibilidade e especifi cidade para o diagnóstico (91,7%)”, informa.
 
Quando o paciente apresenta alguma contra-indicação para a ressonância, é possível realizar a Tomografia Computadorizada, mas o médico diz que as informações fornecidas por este exame são inferiores às da RNM. Outra opção é a eletroneuromiografi a do membro sintomático, mas também
tem baixa especifi cidade. 

Conforme explica o médico, o tratamento da hérnia de disco, seja ela cervical, torácica ou lombar, é conservador, isto é, inicialmente indicase medicações, como analgésicos, relaxantes musculares, anti-infl amatórios e com a realização de fisioterapia, hidroterapia, acupuntura, ou outras
atividades físicas, como a natação, hidroginástica e pilates), mudanças nos hábitos de vida e educação postural. “Em alguns casos podemos realizar a infi ltração peri-radicular com anestésicos e corticoides, pois atua diretamente sobre a hérnia, reduzindo o seu volume e diminuindo os sintomas”, afirma. Já a indicação do uso de colares, coletes e cintas é controversa, segundo Rodrigo, e quando utilizados não deve ultrapassar 14 dias sob o risco de gerar hipotrofi a da musculatura paravertebral.
O tratamento conservador deve ser mantido em média de 6 a 12 semanas. 

O tratamento cirúrgico só é indicado quando o tratamento conservador falha: “se não houve melhora no período de até três meses, ou quando há déficit neurológico progressivo, partimos para a cirurgia. A indicação depende do quadro clínico, da idade, se existe comorbidades (“outras doenças”)
e das imagens da RNM. O tratamento cirúrgico ‘padrão-ouro’ da hérnia discal é a micro-discectomia, porém a indicação de qual é o melhor método é individualizada, isto é, depende do
paciente e experiência pessoal do médico assistente”, relata.

PRIMEIROS SINAIS
Quanto aos sintomas, Rodrigo diz que eles dependem da localização, do tipo de hérnia e se há ou não compressão das estruturas nervosas, isto é, das raízes, medula ou cauda equina. O sintoma mais comum é a dor. “Uma hérnia de disco na coluna cervical poderá gerar dor na região posterior do pescoço, dor no membro superior ou cérvicobraquialgia dor no pescoço com irradiação para o membro superior. Se for localizada na região lombar, poderá causar dor na região posterior da coluna lombar, dor no membro inferior, ou dor na região lombar com irradiação para o membro inferior”, enumera. “As hérnias ainda podem causar sinais e sintomas neurológicos, como formigamento, diminuição da sensibilidade, diminuição da força em alguma parte do membro superior ou inferior e até difi culdade para andar”, completa.

Rodrigo diz ainda que, com o avanço da tecnologia nos últimos anos, têm sido desenvolvidas técnicas
cirúrgicas minimamente invasivas, que agridem menos aos tecidos, mais rápidas, podendo até serem
realizadas sob anestesia local e sedação, promovendo menor tempo de internação e rápido retorno às
atividades normais, com baixos índices de complicações, como infecções e recidiva da hérnia. “Dentre elas estão a discectomia percutânea, discectomia endoscópicas, artrodese minimamente invasiva, artroplastias e estabilizações dinâmicas, as quais apresentam ótimos resultados, quando bem indicados. Essas técnicas novas são utilizadas no EUA e na Europa, e estão disponíveis em Goiás já alguns
anos e são realizadas por excelentes
profi ssionais”, conclui.

Revista Ortopedia em Goiás, fevereiro de 2012.

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