segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ajustes nos ambientes físicos melhoram qualidade de vida dos idosos

Danos que a incapacidade funcional podem trazer ao idoso vão da dependência para realizar atividades simples da vida cotidiana a quedas, hospitalização, maus-tratos e à morte. Cuidar para preservar as funções cognitivas dos idosos é um dos desafios da medicina atualmente





Em um mundo onde os idosos estão se tornando maioria, um dos desafi os enfrentados pelos profi ssionais da medicina é a chamada incapacidade funcional do idoso. “Para melhor compreensão do conceito de incapacidade funcional é necessário primeiro entender o conceito de incapacidade, que foi defi nido pela Organização Mundial de Saúde em um sistema de classifi cação internacional,  diferenciando dano, deficiência, incapacidade e desvantagem”, esclarece a geriatra Zélia Sobrinha de Santana, que é também professora universitária e preceptora da residência médica de Geriatria da Secretaria Estadual de Saúde/HUGO. “O dano é a doença. A deficiência se relaciona aos aspectos orgânicos, é a perda ou alteração das estruturas ou funções sejam elas psicológicas ou fisiológicas. A incapacidade é a falta ou limitação de uma habilidade, que resulta de uma deficiência, para
realizar uma atividade rotineira.

A desvantagem seria um prejuízo social resultante da deficiência e da incapacidade”, detalha. A incapacidade funcional é, portanto, a dificuldade ou dependência para realizar atividades típicas da vida cotidiana e aquelas pessoalmente desejadas na sociedade. Um exemplo citado pela médica é a doença de Alzheimer (DANO) na qual se tem uma deficiência cognitiva e que provoca incapacidade funcional para atividades de vida diária básicas e instrumentais, levando a desvantagem da dificuldade de relacionamento social e do desenvolvimento das atividades econômicas.

“A incapacidade funcional no idoso, geralmente ocorre de forma progressiva e gradual. No idoso, a
avaliação da capacidade funcional é feita a partir de escalas que dividem as atividades de vida diária em básicas e instrumentais. Atividades básicas (AVD) são tomar banho, vestir se, usar o sanitário, mobilidade dentro de casa, continência fecal/ urinária e comer. As atividades instrumentais (AIVD) são aquelas mais elaboradas, que exigem uma habilidade maior para realizá-las, como fazer compras, manusear o próprio dinheiro, cuidar da casa e fazer sua própria refeição, cuidar de suas próprias roupas, viajar, manter compromissos sociais, religiosos, etc.,tomar seus medicamentos de forma correta, fazer trabalhos manuais e usar o telefone”, enumera da geriatra.

Zélia Sobrinho lembra que a incapacidade funcional é fator de risco para muitos desfechos desfavoráveis em idosos como institucionalização, quedas, imobilidade, hospitalização e maus-tratos, que podem levar à morte. “A capacidade funcional prévia é um marcador de prognóstico em idosos hospitalizados com doenças agudas ou doenças crônicas agudizadas, inclusive com infecções”, relata.
 
CASA SEGURA
Conforme a geriatra, os ambientes físicos inadequados também contribuem para diminuição da capacidade funcional do idoso. “O ambiente adequado ao idoso deve propiciar acessibilidade, autonomia, comunicação, proteção e segurança”, recomenda. Assim, é necessário avaliar a possibilidade de introduzir modificações que possam reduzir as desvantagens, tornando a casa e os ambientes externos mais convenientes às limitações dos idosos, procurando garantir o máximo de independência e segurança possível. “Para isso, é necessária uma visita ao domicílio do paciente, onde o examinador deverá observar a acessibilidade e a presença de fatores de risco relacionados ao mobiliário, aos degraus, pisos e a iluminação inadequados”, considera, frisando que a falta de suporte e de adequação do idoso à vida familiar e social é um dos fatores que contribuem negativamente para as suas condições clínicas e seu estado funcional.

Quanto ao diagnóstico, a médica diz que ele é feito a partir da Deficiência física Deficiência cognitiva
Distúrbios psicológicos Fatores sócio-culturaisA perda funcional pode ocorrer por A incapacidade funcional pode acontecer em qualquer idade, mas quanto mais velho maior é o risco de novas incapacidades, isso porque a incapacidade funcional está diretamente ligada a presença de outras doenças e principalmente à coexistência de várias doenças.
 
A avaliação funcional que permite conhecer como o idoso vive os anos adicionais ganhos com o aumento da longevidade e inlcusive estabelece critérios para indicar reabilitação, internação, institucionalização e alta e ainda serve de guia para as modificações e adaptações do ambiente em que o idoso vive, visando preservar a sua independência. Assim, a avaliação funcional é definida como um conjunto sistematizado de informações, testes e escalas que mensuram a capacidade do idoso de executar as atividades para o seu autocuidado e de viver independente em seu meio.

“Os métodos utilizados para uma avaliação funcional são realizados de uma maneira sistematizada por observação direta, questionários auto-aplicados ou por meio de entrevistas do próprio indivíduo ou de seu acompanhante, familiar ou cuidador, e são denominados instrumentos de avaliação funcional”, esclarece a geriatra, dizendo que uma dificuldade comum na avaliação funcional do idoso é que a maior parte dos instrumentos de avaliação utilizados não são validados e adaptados ao nosso meio.

Revista Ortopedia em Goiás, fevereiro de 2012.

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