quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

TOSSE: EXPULSÃO DE SUBSTÂNCIAS INDESEJÁVEIS

Por ANA HELENA BARBALHO BEZERRA DE OLIVEIRA | Pneumologista

A tosse é o sintoma respiratório mais frequente. Ela representa um mecanismo de defesa do organismo e tem a função de eliminar materiais inalados em grande quantidade, retirar o excesso de muco e de substâncias (líquido e pus) das vias respiratórias. E é um sintoma comum a várias doenças, podendo ser desde um resfriado comum até um câncer de pulmão, daí a grande importância de se fazer um diagnóstico correto antes do tratamento.

A tosse de início recente (aguda, com menos de três semanas) geralmente é causada por infecções do trato respiratório, como sinusites e gripes, ou bronquites agudas e até pneumonias. A tosse persistente, recorrente ou crônica (com mais de três semanas de duração) pode ser debilitante e comprometer a qualidade de vida do paciente. Suas causas mais frequentes são a doença das vias aéreas superiores, o refluxo gastroesofágico, a asma brônquica e tosse após uma infecção viral (gripe). Outras causas frequentes de tosse são o tabagismo e algumas medicações para tratamento da hipertensão arterial (as classes de betabloqueador e inibidores da enzima conversora da angiotensina). E ainda é possível e até bastante frequente que mais de uma dessas causas estejam presentes no mesmo paciente.

Não é raro que pacientes que apresentam tosse por vários meses ou anos nunca tenham tido um diagnóstico correto para o quadro. O termo “tosse alérgica” é usado pelas pessoas para definir alguns desses quadros, e na verdade grande parte tem asma, refluxo ou sinusites crônicas, que nunca foram tratadas. Os fumantes têm uma tosse crônica causada pela bronquite crônica e por irritação pela fumaça do cigarro, e se acomodam com diagnóstico de “tosse do fumante”, mas é muito importante saber que uma mudança do padrão dessa tosse, como aumento da frequência ou alterações das características da tosse, pode ser o indício de um câncer de pulmão. Existe ainda uma tosse causada por razões psicológicas ou sociais (tosse psicogênica) e para estes quadros não encontramos uma causa orgânica.

Podemos concluir com os dados acima que é bastante importante estabelecermos uma causa para a tosse antes de tratá-la. Os antitussígenos são apenas inibidores da tosse, e portanto, não tratam as causas e, muitas vezes, apenas mascaram uma doença que necessita ser tratada.
O tratamento geral para alívio da tosse pode ser feito com cuidados e mudanças de hábitos como:
1. Beber bastante água. A água é o melhor antitussígeno que se conhece, pois facilita a movimentação do muco sobre a camada de cílios;
2. Dê preferência aos líquidos quentes, que costumam trazer alívio sintomático. Dê preferência aos chás de nossas avós: chá com limão e mel, de camomila, erva cidreira, erva doce, dentre outros. Chá preto e chá mate devem ser evitados por causa do alto teor de cafeína;
3. Mantenha a cabeça elevada, à noite, usando travesseiros extras ou levantando a cabeceira da cama com calços;
4. Mantenha os ambientes bem ventilados;
5. Aumente o teor de umidade do ar com umidificadores ou vaporizadores nos dias secos;
6. Não tome remédios por conta própria. Procure um especialista, o pneumologista, para que seja estabelecido o diagnóstico adequado para tratamento.

Revista NeuroAção, dezembro de 2011.

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