quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Crises epilépticas podem ser avaliadas com exame de imagem de alta exatidão

Ressonância magnética é a mais indicada para identificação de alterações estruturais do sistema nervoso central

A ressonância magnética é a modalidade de diagnóstico por imagem mais avançada para avaliação de crises epilépticas. Sabe-se que a epilepsia consiste em uma disfunção neurológica causada por uma descarga elétrica anormal e excessiva do cérebro, que interrompe temporariamente sua função habitual, provocando alterações súbitas e involuntárias no comportamento, no controle muscular, na consciência ou na sensibilidade do indivíduo.

As crises podem ocorrer em qualquer idade, mas frequentemente iniciam-se na primeira e nas últimas décadas da vida. Estima-se que existam cerca de 60 milhões de epilépticos em todo o mundo, dos quais 3 milhões somente no Brasil. Entretanto, apesar da alta prevalência, essa disfunção pode ser facilmente tratada na maioria dos casos, de maneira que a pessoa possa levar uma vida normal.

A ressonância tem se mostrado uma ferramenta indispensável na investigação das crises epilépticas, direcionando condutas clínicas e cirúrgicas. Hugo Gama, médico radiologista especialista no exame, explica que o papel principal da ressonância neste contexto é tentar localizar o foco epileptogênico. Inúmeras doenças que cursam com crises epilépticas podem ser detectadas pelo exame, destacando-se as neoplasias, as malformações vasculares, a esclerose mesial temporal, as anormalidades glióticas e as malformações de desenvolvimento cortical.

COMO FUNCIONA
Para se realizar o exame, o paciente não precisa necessariamente estar de jejum. Também não é necessário suspender os remédios de uso diário, como por exemplo os medicamentos para hipertensão arterial, diabetes dentre outros. O exame de ressonância magnética dura em média 30 minutos e pode ser feito em qualquer horário do dia, sempre por solicitação médica.

O exame inicia-se com o paciente sendo levado para dentro de uma aparelho, na posição deitada, onde são adquiridas várias imagens. “No final do exame é injetado um contraste por uma veia periférica (em geral no braço), para aumentar a sensibilidade do exame. Com isso, aumenta-se a capacidade de detecção de anormalidades nas imagens”, destaca Hugo.

VANTAGENS
Diversas modalidades de imagem atualmente contribuem para o estudo das epilepsias, mas do ponto de vista de imagem estrutural anatômica, a ressonância magnética é o que há de mais moderno. Além disso, a ressonância permite a possibilidade de estudo funcional do tecido cerebral por espectroscopia e perfusão em algumas patologias. “O exame nas suas diferentes modalidades aprofunda a pesquisa das alterações encefálicas que podem não ser vistas nos outros métodos de imagem”, descreve Hugo.
A ressonância é superior a tomografia, pois tem uma capacidade multiplanar (em vários planos) e proporciona uma excelente resolução anatômica e espacial. Mas, o fato de apresentar melhores resultados, não significa que só ele deva ser realizada. “Em geral, antes de realizar um exame de ressonância magnética, o paciente já se submeteu a um eletroencefalograma ou a uma tomografia computadorizada do crânio”, adverte Hugo.

Vale ressaltar, que o exame de ressonância tem que seguir um protocolo adequado para cada paciente. O estudo é individualizado, dependendo das informações clínicas, e daí a importância de ser supervisionado por um radiologista. “É importante que o exame seja realizado em um local especializado, para que se possa extrair todas as informações possíveis daquele método. Desta forma, consegue-se demonstrar com confiabilidade a existência de um foco epileptogênico quando presente e, assim, assistir melhor ao doente”, pondera Hugo.

CUIDADOS NA HORA DO EXAME
Diferentemente da tomografia computadorizada, a ressonância magnética não utiliza contraste venoso a base de iodo. A substância utilizada é a base de gadolínio, um composto com baixa incidência de alergia. Além disso, a ressonância não utiliza radiação ionizante e, por isso, vem sendo cada vez mais solicitada. Contudo, pacientes portadores de marcapasso, alguns clipes de aneurisma, fixadores externos ortopédicos, implantes cocleares, algumas válvulas cardíacas e implantes oculares não podem realizar o exame em função do campo magnético. Joias, objetos metálicos e maquiagem devem ser retirados antes do paciente entrar na sala de exame.

Revista NeuroAção, dezembro de 2011.

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