segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Diabéticos enfrentam burocracia e falta de remédios na rede pública de saúde

O endocrinologista Elias Hanna mostra as deficiências da rede básica de atenção à saúde, em Goiás, no fornecimento de medicamentos para pacientes diabéticos

A distribuição de medicamentos para diabéticos, feita pelas unidades básicas de saúde e pelo Programa Farmácia Popular – tanto as farmácias populares do governo quanto aquelas conveniadas ao sistema de farmácia popular – ainda é bastante deficiente em Goiás. Esta avaliação é feita pelo endocrinologista Elias Hanna, que informa que apenas medicamentos básicos para tratamento da doença, como Insulina NPH, Insulina regular, Metformina e Glibenclamida, são mais facilmente encontrados. “A distribuição dos medicamentos não é completa porque muitos administradores não priorizam o tratamento do
diabetes”, critica.

Segundo ele, pouquíssimos municípios, dentre os quais se inclui Anápolis, distribuem os análogos de insulina, que são insulinas de ação lenta, conhecidas como monopico, e as insulinas ultrarrápidas. “Mesmo em Goiânia, se o paciente precisa do medicamento, tem que entrar com uma ação no Ministério Público. Somente assim o paciente conseguirá. E isso demanda tempo. Não é pegar uma prescrição médica e ir lá na rede pública buscar o medicamento”, descreve. Hanna cita como exemplo a sulfoniureia, que tem como medicamento representado a glibenzamida. “Faltam vários outros que têm como base a sulfoniureia. E faltam ainda outros medicamentos, que também são importantes para o tratamento do diabético, como os dos grupos da glitazona, das glimidas e dos inibidores do DPP4”, enumera, lembrando que é preciso analisar o custo-benefício destes remédios, mas que, seguramente, poderia se oferecer algumas outras opções. 

Outro ponto levantado pelo endocrinologista é que as unidades de saúde deveriam fornecer também tiras reagentes, aparelhos para medir a glicose, assim como de seringas e agulhas. “Esses itens são fundamentais para o controle e oneram bastante o paciente. Assim como no caso dos medicamentos, somente alguns municípios oferecem. Na maioria, é preciso que o paciente apresente um relatório médico, indicando a necessidade”, salienta. Em Anápolis, citado pelo endocrinologista como município modelo na distribuição de medicamentos, foi implantado o programa Remédio em Casa, por meio do qual o diabético/ hipertenso basta se cadastrar em uma unidade de saúde municipal para receber mensalmente o medicamento na residência. “O poder público precisa evoluir para uma distribuição em que o diabético receba o medicamento em casa em todo o Estado. Temos que montar a cesta básica do diabético, acrescentando os itens de controle, novas opções terapêuticas e assegurando menos burocracia para conseguir os medicamentos análogos de insulina”, reivindica.

Revista Diabetes em Goiás, setembro de 2011.

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