quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tumores oculares podem se localizar dentro ou fora do olho

Cada neoplasia tem uma epidemiologia específica, acometendo preferencialmente determinadas faixas etárias e raças


Oncologia ocular é uma subespecialidade da oftalmologia que lida com as doenças neoplásicas que acometem o olho e a órbita, conforme explica o médico Luciano de Sousa Pereira, pós-graduado em Neuro-oftalmologia e Cirurgia de Órbita pela Universidade da Califórnia - San Francisco e especialista em Oncologia Ocular pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp. “Os tumores oculares podem ser classificados em benignos ou malignos e podem se localizar dentro do olho (tumores intraoculares) ou fora dele (tumores extraoculares)”, descreve.

Segundo ele, para se falar em taxa de incidência dos tumores, deve-se considerar a faixa etária e a localização do tumor. “Na infância, o tumor maligno intraocular mais frequente é o retinoblastoma. É uma doença grave, que requer um diagnóstico precoce e tratamento imediato. Por isso o teste do olhinho associado ao mapeamento de retina nos primeiros dias de vida são tão importantes”, orienta. Ele diz ainda que, considerando os tumores extra-oculares da infância, os hemangiomas capilares e os gliomas são os principais representantes dos tumores benignos. Já o rabdomiossarcoma é o tumor maligno extra-ocular mais frequente nessa faixa etária.

O especialista informa que, nos adultos, as metástases de carcinoma de mama, em mulheres, e carcinoma pulmonar e próstata, em homens, são os tumores intraoculares malignos mais frequentes, seguidos pelo melanoma de coroide. “No grupo das neoplasias malignas extraoculares, observa-se maior prevalência dos carcinomas espinocelulares de superfície ocular e os linfomas de anexos oculares”, descreve.

Luciano esclarece ainda que cada neoplasia tem uma epidemiologia específica, acometendo preferencialmente determinadas faixas etárias e raças. “No retinoblastoma, ocorre uma mutação no cromossomo 13 — por isso, o risco de retinoblastoma é maior em filhos de pais que apresentaram a mutação e, consequentemente, a doença — são os casos familiares. Isso não impede que filhos de pais saudáveis possam desenvolver a mutação no cromossomo 13 e, eventualmente, apresentarem o tumor — casos esporádicos”.

Já os pacientes brancos têm maior risco de desenvolver câncer de pálpebra e melanomas (tanto das pálpebras, quanto de superfície ocular ou intraoculares). “Os linfomas de anexos oculares acometem preferencialmente indivíduos de faixa etária mais avançada. Já os gliomas de nervo óptico são mais frequentes em pacientes com neurofibromatose tipo-1”, enumera. E, como já foi dito acima, mulheres com história de câncer de mama e homens com antecedente de câncer de pulmão ou próstata apresentam maior risco de desenvolverem metástases intraoculares.

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das neoplasias oculares é feito na maior parte dos casos mediante uma avaliação oftalmológica completa, incluindo o mapeamento de retina. “O curioso é que, em muitos casos, o paciente pode estar assintomático, e a lesão suspeita é identificada em consulta de rotina, para troca de óculos. Por isso a avaliação oftalmológica periódica é tão importante, uma vez que o diangóstico precoce é a chave de um tratamento bem sucedido”, orienta o médico.

Para definição do diagnóstico e planejamento de tratamento, são realizados exames complementares como angiografia de retina, ultrassonografia, campo visual e ressonância magnética, dentre outros. “O tratamento dos tumores intra e extraoculares é planejado considerando o tipo histológico do tumor e seu estadiamento, podendo ser abordados cirurgicamente, com radioterapia ou quimioterapia. Muitas vezes associa-se mais de uma modalidade terapêutica”, declara.

O especialista lembra que, como tudo na medicina, a oncologia é uma área em constante evolução. “Hoje compreendemos mais a fundo os mecanismos moleculares/genéticos de alguns dos tumores oculares mais frequentes, o que abre as portas para terapias genéticas futuras. Por outro lado, o desenvolvimento de novos quimioterápicos e os avanços no campo da radioterapia nos permitem hoje tratar as neoplasias malignas de forma mais efetiva e com maior conforto para os nossos pacientes”, conclui.

Revista Vida Nova, agosto de 2011.

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