quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Ressonância detecta lesões no joelho

Juliano Marçal, radiologista, fala das aplicações da Ressonância Nuclear Magnética (RM) na osteoartrite degenerativa do joelho

A osteoartrite degenerativa do joelho (osteoartrose ou gonartrose) é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo, de progressão lenta e incapacitante. Estima-se que cerca de 80% da população adulta acima dos 60 anos possui a doença e 30% vão manifestá-la clinicamente. “Um recente estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que a osteoartrose seria a quarta causa mais importante de incapacidade entre as mulheres e a oitava entre os homens”, diz o especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Juliano Marçal Pereira. Ele explica ainda que a etiologia da osteoartrose é multifatorial, incluindo hereditariedade, fatores hormonais, obesidade, massa óssea, sobrecargas esportivas, uso inadequado de aparelhos de musculação, doenças traumáticas ou traumas de repetição e alterações biomecânicas da articulação do joelho.

De acordo com o médico, a ressonância magnética (RM) do joelho tem se mostrado precisa em detectar as alterações precoces dessa doença. “Por ser um método capaz de diferenciar os tecidos do corpo fielmente e fornecer detalhes anatômicos pormenorizados, o radiologista especializado em músculo-esquelético pode relatar dados valiosos ao ortopedista no que se refere ao principal “vilão” responsável por deflagrar a doença: a lesão da cartilagem articular”, afirma, esclarecendo que a cartilagem articular é o que recobre as superfícies de contato entre os elementos ósseos de uma articulação e, em conjunto com o líquido articular, permite os movimentos harmônicos de flexão e extensão das articulações. “Particularmente, no joelho, essa cartilagem suporta grande quantidade de peso do corpo e pode sofrer erosões e micro-traumas repetitivos”, complementa.

Assim, explica Juliano, quando a cartilagem está lesada, a parte óssea adjacente (osso subcondral) fica exposta, iniciando um processo inflamatório que afetará áreas de cartilagem intactas. “A inflamação inicial vai se ampliando até que, em um ciclo vicioso sinérgico de lesão condral/processo inflamatório, todo envoltório articular se comprometa, culminando na doença degenerativa estabelecida e incapacitante”, alerta. Por essa razão, o radiologista avisa que, pacientes que apresentam dor no joelho e, por conviver bem com ela, não consultam um ortopedista, podem estar perdendo uma boa oportunidade de realizar o diagnóstico precoce de uma lesão da cartilagem. “Se a doença é descoberta no início, é possível instituir um tratamento adequado de prevenção ou, se necessário, até mesmo cirúrgico, com um prognóstico”, assegura.

Ele frisa ainda que a RM consegue, como nenhum outro método, localizar a lesão, determinar a extensão, se há comprometimento do osso subcondral e qual o grau desse comprometimento. “Além disso, fatores que podem acelerar o processo de evolução da doença como: lesões meniscais, lesões do ligamento cruzado anterior e geno varo, que podem ser diagnósticas e tratadas em conjunto”, acrescenta.

NOVIDADES
Juliano informa que novas tecnologias foram introduzidas no mercado americano e europeu recentemente e logo estarão disponíveis no Brasil. “Atualmente, os aparelhos de ressonância permitem avaliar até o conteúdo de sódio (Na) da cartilagem, o que reflete a sua microestrutura molecular, de uma forma prática, mesmo antes da lesão ocorrer já poderíamos definir as áreas que estão mais suscetíveis”, afirma.

Revista Ortopedia em Goiás, setembro de 2011.

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