Como evitar dores em um trânsito complicado

A tensão que se vive nesses momentos pode causar dores musculares, estresse e problemas circulatórios

Com o trânsito goianiense cada vez mais congestionado e caótico, torna-se cada vez mais habitual passar longas horas ao volante, principalmente nos horários de pico e em determinadas vias da cidade.
A tensão que se vive nesses momentos pode causar dores musculares, estresse e problemas circulatórios. Entretanto, eles podem ser evitados se o motorista seguir algumas orientações básicas.

“A primeira recomendação é que se deve ter uma postura adequada ao volante, tanto parado quanto em movimento”, ensina o ortopedista especialista em Patologias da Coluna e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Seção Goiás, Newton Antônio Tristão. Deve-se atentar ainda para o banco, que precisa estar em uma posição em que a coluna permaneça bem apoiada. Não se pode dirigir com o banco deitado como se fosse os de carro de campeonato de corrida. A maneira mais correta do condutor sentar é fi car com o quadril bem apoiado no banco e com encosto mais reto. A coluna deve sempre estar apoiada, em relação à bacia, para que a coluna fi que mais ereta. De acordo com a fi sioterapeuta e especialista em Reeducação Postural Global Cristina Albuquerque o banco deve estar levemente inclinado, formando um ângulo de aproximadamente 110º, para que não prejudique a lombar. “Um suporte lombar pode promover o conforto do indivíduo quando sentado.

Como poucos assentos fornecem o suporte adequado, o rolo lombar portátil ou toalha enrolada facilitarão a manutenção da lordose e da postura correta. É importante tocar os pedais com as pernas semi-fl exionadas. Os braços também devem fi car ligeiramente flexionados para alcançar o volante e
não tensionar ombros e pescoço. Deve se evitar dirigir ‘em cima do volante’ ou muito afastado, com os braços esticados”, enumera, acrescentando que, quando o veículo tem ajuste de altura do banco, é importante regulá-lo. “O ideal é que os pés, mesmo perto dos pedais, fiquem inteiramente apoiados no chão”. Newton Tristão completa falando que o encosto da cabeça não é um descanso, mas serve para evitar que, em um momento de colisão, a cabeça sofra uma desaceleração abrupta, indo para frente
ou para trás, e causando o movimento denominado chicote, que provoca lesões. Segundo o ortopedista, principalmente em condutores de veículo de grande porte, que requer maior tensão, como motorista de transporte urbano, que tem ainda uma responsabilidade maior por estar transportando pessoas, o desgaste pode causar um aumento da hipertonia da musculatura, o que, com o passar do tempo
pode produzir dores na coluna cervical, toráxica e lombar.

Outra medida que deve ser tomada,esta enquanto se está parado, é alongar os membros, o que ajuda a aliviar a tensão e evitar inchaços. “Deve-se fazer atividades de flexão, tanto de pé quanto joelho, para um lado e para o outro. E também fazer movimentos de tensão e flexão de membros superiores, abrir e fechar a mão; abrir e fechar o antebraço; passar o braço direito até o lado esquerdo e vice-versa. São movimentos que além de alongar a musculatura que está parada, ajudam no movimento da circulação. Dessa forma, evita-se edemas e diminui a sensação de estar mais pesado quando sai do carro”, assegura Newton Tristão.

Cristina diz que a RPG é indicada para quem quer melhorar a postura enquanto dirige. “É uma técnica da fisioterapia que proporciona a reeducação da postura, amenizando ou corrigindo os possíveis desvios posturais. Consiste em alongamento de cadeias musculares associada à respiração”, esclarece. “Dirigir sentando por longas horas, pode ocasionar dores nas costas, tensão na base do pescoço, dores nas pernas e nos braços, além de problemas circulatórios. O fator desencadeante dessas dores é a postura sentada inadequada e a permanência prolongada nesta posição. A RPG proporciona ao paciente uma conscientização em relação à postura adequada”, garante.

Newton Tristão acrescenta algumas dicas indispensáveis nestes engarrafamentos nossos de todos os dias. “O cinto de segurança é um item indispensável e deve estar bem posicionado. Deve-se evitar de falar ao celular, pois estudos mostram que a atividade distrai o condutor e facilita a ocorrência de acidente. Tem que ter muita calma nessa hora”, aconselha, dizendo ainda que o ideal é se informar qual via está menos congestionada para buscar caminhos alternativos.

ALONGAMENTO NO TRÂNSITO

A fisioterapeuta ensina outros exercícios que podem ser realizados neste momentos de espera no semáforo: “Entrelaçar os dedos e, em seguida, estender os braços, mantendo os cotovelos para fora. Virar a cabeça lentamente para um lado e depois para o outro, repetindo o movimento três vezes. Colocar a mão sobre a orelha oposta e empurrar a cabeça por ao menos 10 segundos também ajuda a relaxar a musculatura do pescoço. Para melhorar a circulação, flexione a planta dos pés, como se estivesse jogando os dedos para baixo, depois, faça o inverso, apontando o dedão para o céu. Repita isso pelo menos dez vezes a cada 30 minutos”. Ela lembra ainda, que se possível, é interessante que o motorista pare de tempos em tempos e fique de pé por alguns minutos, já que dirigir por tempo prolongado pode causar sérios danos posturais.


Revista Ortopedia em Goiás, setembro de 2011.