segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cuidados com o coração devem redobrar na terceira idade

Aumento do número de idosos leva a maior incidência de doenças cardiovasculares

Com o aumento da sobrevida da população brasileira e mundial as doenças cardiovasculares ocorrem com maior frequência. Atualmente, cerca de 7% dos brasileiros têm acima de 65 anos e a previsão é de que em 2020 sejam cerca de 15%. Dentre as patologias cardiovasculares de maior incidência estão a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e doenças coronárias, afirma o cardiologista Abrahão Afiúne Neto, que é representante da Cardiogeriatria pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em Goiás. “A doença cardiovascular, em especial a doença coronária, tem maior prevalência nos idosos, e é responsável por mais de dois terços das mortes cardíacas. A doença isquêmica do coração, tanto infarto agudo do miocárdio como doença coronária crônica, é o achado patológico mais comum nos pacientes idosos”, esclarece.

Os sintomas da doença coronária podem ser bastante atípicos, pois a dor de angina clássica é mais uma exceção do que a regra. “O infarto do miocárdio ou a morte súbita são, em geral, as manifestações clínicas iniciais da doença coronária do idoso, frequentemente precipitados por hemorragias agudas, hipotensão, hipóxia, arritmia, infecção e durante atos cirúrgicos”, detalha. Assim, os pacientes idosos com infarto agudo do miocárdio possuem mortalidade maior, e mesmo nos infartos considerados de baixo risco há maior incidência de choque cardiogênico e ruptura do miocárdio.

A reabilitação cardiovascular tornou-se um componente aceito nos cuidados dos pacientes após infarto do miocárdio e cirurgias cardíacas, bem como em outras lesões cardiovasculares. “No sentido mais amplo, todos os tipos de tratamento, como educação, aconselhamento, nutrição e treinamento físico são combinados para compor a reabilitação. Essas técnicas visam ajudar os pacientes, dentro de suas possibilidades, a retornar ao estilo de vida normal”, informa.

Para prevenir doenças cardiovasculares ele recomenda que as pessoas se esforcem o mais cedo possível para ter uma boa qualidade de vida por meio de uma alimentação regular, com pouca gordura e sal, procurem ter uma boa noite de sono, evitem o estresse e incorporem à rotina a atividade física. “Assim, a pessoa chegará à terceira idade com boa qualidade de vida, sem doenças que atacam o coração. A idade avançada já torna a pessoa suscetível a doenças devido às alterações no organismo, se ela não possui uma boa qualidade de vida, certamente terá doenças cardiovasculares”, alerta.

Abrahão chama a atenção para o fato de que o tratamento feito com idosos não é o mesmo realizado com adultos mais jovens. “A consulta do idoso demanda maior tempo de, já que com a idade mais avançada, ele se torna mais vulnerável a doenças e possui mais complicações e patologias associadas. O tratamento deve ser diferenciado. Há um grande cuidado com o uso de medicações, geralmente os idosos tomam vários remédios e associados podem ser maléficos à saúde”, frisa.

Para que esses cuidados sejam efetivamente diferenciados, a Sociedade Brasileira de Cardiologia mantém um departamento chamado Departamento de Cardiologia do Idoso (Decage), que conta com um congresso anual de cardiogeriatria. Em 2012/2013 o Decage será dirigido por Afiune.

Revista Cardiologia em Goiás, setembro de 2011.

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