quinta-feira, 25 de agosto de 2011

“Meios de comunicação de massa estão fragilizados”

Advento das redes sociais obriga mídias tradicionais a se ressignificar, diz professor argentino Gino Germani


Ao longo dos últimos 70 anos os meios de comunicação de massa se consolidaram e fecharam um
círculo para a formação da cultura de massa, mas vêm perdendo força com o advento das redes sociais da internet. Sob essa ótica, o investigador de ciências da comunicação da Universidade de Buenos Aires e de estudos culturais no Instituto Gino Germani, Mario Carlón, apresentou palestra ontem à noite na abertura do Intermídias, o Congresso e Feira Internacional de Comunicação, Informação e Marketing do Centro-Oeste que acontece até amanhã, no Campus 2 da UFG, em Goiânia.

A ideia central da conferência apresentada pelo investigador não é a do fim das mídias de massa – televisão, rádio, jornal impresso e revista –, mas o fim de uma etapa, de um período, onde esses meios surgiram, se consolidaram e se tornaram hegemônicos, criando a convergência dos meios de comunicação.

“Agora outros meios entram na disputa e dão novo significado aos meios de comunicação. Há uma conversão dos meios tradicionais com novas ferramentas de comunicação”, explica Carlón, que atendeu a O HOJE na tarde de ontem, no Address Hotel. Dessa forma, os meios de massa passaram a trabalhar com uma nova dinâmica intensificada pela imediatização das notícias e pelo poder dado
à sociedade, através das redes sociais, que deixa de ser apenas passiva e passa a interagir com as informações e até mesmo de criá-las.

Carlón ressalta que é extremo dizer que o público deixará de assistir à programação de TV, de ler jornais e revistas ou de ir ao cinema, focando apenas nas redes. Ao contrário, esse público passa discutir a notícia, criar suas opiniões com seus próprios conteúdos, fazendo com que os próprios
meios de massa tenham que retomar a notícia. “Essa interatividade já tem causado prejuízos
e levado emissoras de TV, rádio e cinema a repensar os conceitos de audiência”, pontua.

A legitimidade dos conteúdos difundidos pelas redes sociais é um dos riscos dessa interatividade. Torna-se ainda mais necessária a checagem da veracidade das informações. “O conhecimento e a informação se chocam. Assim, temos mais poder de opinar e informações mais ricas porque não serão apenas a informações dos meios de massa”, completa ele.

O investigador, que em 2009 publicou o livro El fin de los médios massivos: El comienzo de um debate, (Lá Crujía Edições, 267 pág.), finaliza dizendo que as atuais mudanças promovidas por ferramentas de relacionamento como Facebook, Twitter, Skype e YouTube farão com que esse século fique na história e seja decisivo para as mídias de massa.


Por André Passos
Jornal O Hoje de 25/08/11

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