segunda-feira, 6 de junho de 2011

Síndrome do Túnel de Carpo atinge 1º da população

O neurocirurgião Herbert Almeida O. e Souza, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Lúcio Rebelo e neurocirurgião da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, discorre sobre a Síndrome do Túnel do Carpo (STC), neuropatia compressiva mais diagnosticada, mais bem entendida e frequentemente tratada. “A STC é a compressão do nervo mediano pelo ligamento transverso do corpo (retináculo dos flexores) no punho/mão”, explica.

Ocorrência e causas

A incidência da STC é de cerca de 1% na população geral. Ocorre mais frequentemente nas mulheres (5:1), com maior incidência entre 40 e 60 anos de idade. Geralmente bilateral (> 50 % dos casos), porém a mão dominante é mais acometida. A STC usualmente está relacionada com esforços repetitivos, realizados por pessoas que utilizam as mãos de forma intensa (como trabalhadores industriais, manufaturistas, digitadores, tecladistas, costureiros), porém não sendo exclusiva dessas atividades. A causa mais comum de compressão do nervo mediano é o desenvolvimento de espessamento e fibrose da sinóvia flexora, gerando uma tenossinovite inespecífica crônica.

Sintomas

As queixas mais frequentes relatadas por pacientes com STC são: “dormência” e “formigamento” na palma da mão e dedos (geralmente o 2°; 3° e 4° dedos). Ocorrem mais frequentemente no período noturno, interferindo no sono. O mecanismo de piora noturna é creditada pela posição (flexão continua) e edema local. Podem ainda queixarem de dores no antebraço, braço e ombros. Podem evoluir dos sintomas e distúrbios sensitivos para deficiência motora e até atrofia muscular (tenar), em fase mais avançadas.

Diagnóstico

O diagnóstico e feito inicialmente com a história do paciente relatando a forma, periodicidade e evolução dos sintomas. Depois existem sinais clínicos no exame neurológico (alterações sensitivos e motores; teste provocativos, sendo o sinal de Tinel considerado o mais sensível (71%) e o de Phalen, o mais especifico (94%).  A STC classificada em aguda (raro e geralmente associada a traumatismos) e crônica (leve moderada e grave). O diagnóstico pode se complementado com exames de imagem (ultrassom e ressonância magnética) e eletrofisiológico (eletroneuromiografia).

Tratamento

O tratamento conservador pode ser iniciado na dependência da etiologia (gestação, hipotireoidismos, artrite reumatoide) e do grau de evolução da doença (leve, precoce e sem alterações importantes na eletroneuromiografia). O tratamento conservador consiste em várias modalidade terapêuticas: repouso, troca ou alternância de atividades profissionais, fisioterapia, infiltrações, talas, acupuntura, medicações, dentre outros.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes que apresentam quadros mais avançados da doença (moderado ou grave) ou aqueles que não melhoraram com tratamento conservador. A descompressão cirúrgica do Túnel do Carpo pode ser realizada pela técnica cirúrgica convencional ou por técnica endoscópica. Os resultados obtidos com tratamento cirúrgico da STC normalmente são bastante satisfatórios para o pacientes e, consequentemente, para o cirurgião. Nos casos graves, crônicos avançados, a melhora não é tão significativa e geralmente os casos de atrofia tenar podem ser irreversíveis. Apesar da cirurgia para descompressão do nervo mediano no Túnel do Carpo ser um procedimento relativamente simples e que obtém excelente resultados, na grande maioria dos casos, é muito importante lembrar que as complicações e recidivas existem (raros) e não devem ser desconsiderados. Portanto o tratamento com especialistas, bem treinados, poderá evitar e/ou diminuir a maioria das complicações.

Revista Neuronotícia 10, junho de 2011

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