Pollyana e sua família |
A engenheira civil Pollyana Guimarães da Silva Veríssimo teve duas gestações, mesmo sendo portadora do diabetes tipo I. Insulino dependente e atualmente usuária de bomba de infusão contínua de insulina (SIC), ela descobriu em julho de 1998 que era portadora da doença. Pollyana diz que, embora isso não seja possível de ser comprovado, o diabetes pode ter se desencadeado logo depois da morte do seu único irmão, mais velho, provocada por um acidente fatal em julho de 1996.
“De julho de 1998 a julho de 2002 minha rotina se tornou bastante difícil e regrada, pois neste período não entendia muito bem o que acontecia com o meu organismo em relação ao diabetes”, comenta. “Comia pouco e não conseguia controlar as minhas taxas de glicose e acabava tendo hiperglicemia. Além de tudo, o meu trabalho era estressante e de grande responsabilidade. Não tinha horário”, completa.
Mesmo com essas dificuldades, Pollyana conta que começou a fazer atividade física em 2000, o que melhorou bastante o controle de suas taxas de glicose. “Malhava bastante e comia melhor, foi quando comecei a ter hipoglicemias e a entender um pouco mais o que acontecia com o meu organismo. Em 2002, o endocrinologista Victor Gervásio me sugeriu o uso da bomba, foi quando fui atrás de mais informações sobre a bomba, seu funcionamento e custo. No dia 1° de julho de 2002 comecei a usar, e daí em diante a minha vida melhorou consideravelmente”, comemora.
Pollyana comenta ainda que a nutricionista Marlice Marques, que acompanhava seu caso, disse que ela “entraria em lua de mel com o doce”, quando começasse a usar a bomba. “E foi verdade. Fiquei de 1998 a 2002 sem colocar um pingo de açúcar na minha boca, então quando coloquei a bomba queria comer doce. Lembro-me que fui a um aniversário de criança e todo mundo quando me viu comendo um docinho ficou apavorado, mas eu sabia o que estava fazendo. Tomei a quantidade certa de Humalog e a minha taxa se manteve a mesma antes e duas horas depois do doce”.
Como transcorreram as gestações
Em 2003, ano em que se casou, Pollyana parou de malhar, mas como já entendia melhor o que acontecia com seu organismo, conseguiu manter os índices de glicemia estáveis por meio do controle alimentar. Em 2005 decidiu, junto com o marido, que era hora de engravidar. Depois de passar por todos os exames solicitados pelo endocrinologista, foi autorizada a parar com os anticoncepcionais e em dezembro de 2005 soube que estava grávida, mas perdeu com seis semanas de gestação. “Fiquei triste, mas o meu ginecologista, Rui Gilberto Ferreira, me disse que isso acontecia com 10% das mulheres e me disse que logo eu poderia ficar grávida novamente. Dito e feito: em agosto de 2006 engravidei”, relembra.
A primeira gestação transcorreu bem até o 6° mês. A partir daí, começou a inchar e a se sentir cansada, o que não a impediu de continuar trabalhando. “Não diminui o ritmo e acho que isso me prejudicou, pois com 38 semanas estava pesando 90 quilos, isto é, engordei (inchei) 34 quilos e eu havia engravidado pesando 56 quilos”, conta. “Com 38 semanas e quatro dias o Alexandre nasceu de parto cesárea, com 4.960 quilos e 53 cm. Fiquei cinco dias na maternidade, levei uns dois meses para voltar ao normal. Não me cuidei como deveria”, confessa.
Pollyana engravidou novamente e sofreu outro aborto. Mas as experiências foram se ajuntando e na gravidez seguinte prevaleceu o bom senso. “Assim que descobri que estava grávida, parei com a correria, parei de levar o Alê na escola. ‘Nada de dirigir’, disse o meu esposo, estávamos com medo, já era a minha quarta gestação. Depois do trauma da primeira, já sabia que se não me cuidasse, estava perdida. Então tive mais disciplina”, frisa. Dessa vez não inchou e engordou 17 quilos, acima do recomendado, mas ainda assim metade do que havia acontecido na gravidez anterior. “Tive mais disciplina e acompanhamento por parte dos três profissionais (ginecologista, endocrinologista e nutricionista) que cuidaram de mim. Entrei na maternidade num sábado as 23h30 e na segunda às 10 horas da manhã já estava em casa. Fui feliz na minha segunda gestação”, declara.
Alexandre está com quatro anos, a pequena Sofia tem sete meses e nenhum dos dois tem diabetes. “Aqui em casa não somos de comer fast-food, pizza, nem outras bobagens que tem por aí. O Xande nem de doce gosta e a Sofia ainda é uma bebezinha”, diz.
Às diabéticas que querem engravidar, mas têm medo, Pollyana recomenda disciplina e amor próprio para ter o primeiro filho. “Depois do primeiro filho, para ter o segundo a gente só pensa no primeiro e na família que tem para cuidar, daí em diante, tudo vem automaticamente. O amor de mãe muda tudo na vida da gente”, resume.
Revista Diabetes em Goiás, junho de 2011
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