terça-feira, 7 de junho de 2011

Doença de Parkinson e o uso de medicamentos

Marcos Alexandre Carvalho Alves | Neurologista

A doença de Parkinson (DP), descrita em 1817 pelo médico James Parkinson, é uma doença neurodegenerativa, cujo diagnóstico depende da presença de sinais motores: bradcinesia (lentidão), tremor de repouso e rigidez. Porém, na fase avançada da doença, surgem novos sintomas, definidos como sintomas não motores. Estas manifestações têm correlação direta com o processo degenerativo do sistema nervoso central. Além delas, existem ainda manifestações psiquiátricas como alucinações, psicose induzida por drogas e perda de memória. Com relação às causas, a DP pode ser idiopática (sem causa definida) e secundária (infecção, drogas, toxinas, vascular, TCE, hidrocefalia, metabólico, degenerativa e outras). Neste artigo daremos ênfase ao parkinsonismo secundário ao uso de medicamentos.

É clássico na literatura que drogas bloqueadoras dopaminérgicas podem induzir ou agravar uma síndrome parkinsoniana. Os mecanismos propostos envolvem o bloqueio de receptores pós-sinápticos da dopamina (neurolépticos, antieméticos, cinarizina e flunarizina). Outras drogas relatadas são: reserpina, tetrabenazina, metildopa, lítio, fluoxetina, anticolinesterasicos, anticonvulsivantes e antiarritímicos. Nestas circunstâncias, a suspenção do medicamento vem, na maioria das vezes, acompanhada de melhora dos sintomas após semanas ou meses.

Há controvérsias sobre a associação de antidepressivos ISRS e o desenvolvimento de parkinsonismo. O que existe é a associação destes com outros fatores predisponentes (drogas neurolepticas, lítio, TCE e AVC), propiciando o surgimento ou agravamento dos sinais parkinsonianos. Com relação aos anticonvulsivantes, o ácido valproico e a fenitoina estão associados a manifestações parkinsonianas.

A associação entre o uso de drogas inibidoras da colinesterase (usadas na doença de Alzheimer) e o surgimento e sintomas parkinsonianos é considerada desprezível. A amiodarona é o antiarritimico relacionado mais frequentemente com estes sintomas. No entanto, não existem evidências categóricas de que o uso destes fármacos na prática clínica, sejam causadores em sua totalidade de sintomas parkinsonianos, mas existem recomendações e situações específicas para o seu uso, devendo sempre respeitar a orientação médica.

Revista Neuronotícia 10, junho de 2011

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