sexta-feira, 13 de maio de 2011

“Quero que nossa atividade seja valorizada”

Reunião do Capítulo da Abap, no Restaurante Kabanas: a partir da direita, Marco Antônio (AMP), Joel Fraga (Casa Brasil), Zander Júnior (Cannes) e Wilson Rodrigues (DMW)

O experiente publicitário Zander Campos da Silva Júnior comanda a nova gestão do Capítulo de Goiás da Associação das Agências de Propaganda (Abap). Com dez anos de existência, a entidade conta, atualmente, com apenas seis agências associadas e aumentar esse número é um dos desafios que a atual diretoria tem pela frente. Zander discorre, nesta entrevista, sobre esta e outras metas para o biênio 2011/2013 e fala ainda sobre o cenário da propaganda, das dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo estadual, da formação acadêmica em publicidade, do Intermídias e faz uma dura crítica aos departamentos de marketing que são dirigidos por estudantes de comunicação.

Quais as metas para a gestão do biênio 2011/2013?

Durante nossa campanha, fizemos uma consulta junto aos associados e eles responderam a dez perguntas sobre os mais variados serviços que o capítulo presta e outros que poderá prestar. Assim, listamos dez metas. São muitas coisas para trabalharmos em um curto espaço de tempo. Algumas custam dinheiro, outras não. Como o orçamento é pequeno, não temos muita margem de investimento e não podemos onerar os companheiros. Os associados aprovaram todas as metas, agora é trabalhar, porque à medida que as coisas vão acontecendo, fica mais fácil conseguir outras parceiras para aumentar as receitas.

Por onde o senhor vai começar?

Queremos ampliar o número de associados do capítulo, porque somos apenas seis e a Abap é uma entidade que representa a nata da publicidade. Estamos sensibilizando novas adesões e buscando recuperar companheiros que já foram associados e saíram por razões diversas. No Sinapro (Sindicato das Agências de Propaganda) temos aproximadamente 20 filiadas. A mensalidade da Abap é mais onerosa, por isso não temos a pretensão de chegar a esse patamar, mas temos a possibilidade de aumentar. Instalaremos uma sede física do capítulo, nada suntuoso. Locar uma sala e contratar uma secretária, porque hoje as reuniões são feitas em rodízio entre as associadas. Será algo compatível com a realidade, condizente com nossa estrutura e com o mínimo ônus possível. Também aumentaremos a frequência de contatos e de informações com os associados. Queremos informar, semanalmente, sobre reuniões nacionais e difundir informações relevantes. Para isso, vamos editar uma newsletter. Publicaremos também os balancetes mensais da entidade.

Como se dará o contato com as outras entidades do setor?

Pretendemos fortalecer o contato com o Fórum das Entidades de Comunicação do Estado, e nossa intenção é que este passe a existir juridicamente. A Abap se propõe a ser a entidade líder para a interlocução com esse trade e com as esferas dos poderes competentes. Ainda realizaremos em Goiânia uma reunião nacional da Abap. São três a quatro reuniões da diretoria nacional por ano e iremos solicitar para que uma ocorra aqui no ano que vem. Será a primeira vez que sediaremos uma destas reuniões.

O senhor pretende abrir a Abap também com relação a outros setores?

Estabeleceremos convênios com empresas que vendem insumos de informática. Além de haver uma demanda de mão de obra qualificada, estágios, queremos convênios para que as empresas façam descontos para os associados, já que é grande nosso potencial de compra. Vamos ampliar iniciativas que valorizem a classe e o negócio da propaganda em caráter permanente. Não apenas no Dia da Propaganda, no Dia do Mídia, para lembrar que estamos aqui para anunciar. Nossa intenção é fortalecer realmente nosso negócio. A economia está em momento de ascensão e boa parte do êxito de marcas, de serviços, de empresas se deve ao fato de estarem amparados em boas estratégias de propaganda. Somos responsáveis por boa parte desse PIB e queremos que nossa atividade seja valorizada.

O setor público é sempre complicado. Como se dará a interlocução com os governos?

No ano passado foi sancionada uma nova lei, específica para licitações públicas, nas três esferas de poder. Elas têm que seguir o ritual dessa lei, que substitui a famosa 8666/93, que é a lei geral de licitações e continha uma série de distorções em relação à publicidade, por ser tão genérica. Queremos promover seminários de boas práticas em parceria com a Associação Goiana de Municípios, com o Tribunal de Contas, que são os órgãos fiscalizadores, e promotores dos editais. Temos muitas prefeituras que anunciam mas não licitam. Fazem tudo de maneira informal. E por que não licitam se a lei as obriga? Isso vai aumentar o bolo do mercado para as empresas que atuam nessa área.

As dificuldades financeiras que o governo está enfrentando atrapalham o mercado da propaganda?


No setor público, o governo estadual é tradicionalmente o maior anunciante regional. Como estão no primeiro ano de gestão, e a atual gestão herdou um quadro de dificuldades em várias frentes, o Estado naturalmente não está anunciando e isto impactua a cadeia produtiva do setor. No setor privado, há segmentos que deixaram de investir e concentraram a verba em outros Estados. Assim, o período está ruim. Em outros, com a economia aquecida, como é o caso do varejo de automóveis, construção civil e outros, as campanhas não param.

De maneira geral, a ação das agências goianas na internet ainda é muiti limitada. O que a Abap pode fazer em relação a isso?

Já publicamos o site do capítulo, com o endereço abapgo.com.br, que possui uma seção de serviços e informações importantes para as associadas e o mercado. Será um instrumento de contato, facilitador. É um mini portal, sem nenhuma pretensão de concorrer com outros. Mais importante que ter uma sede física, é ter uma página na internet.  Pretendemos também reunir a memória do capítulo em acervos apropriados. A estruturação da sede facilitará a compilação de documentos de gestões passadas. Queremos colaborar ainda com a criação do Museu da Comunicação, uma proposta ainda incipiente da Universidade Federal de Goiás e da revista Marketing em Goiás, e acredito que nossa entidade possa colaborar em várias frentes.

É certo que as agências goianas parecem extremamente desinteressadas do mercado e das entidades como um todo e tendem a olhar apenas para seus próprios umbigos, mas por que a Abap tem uma filiação tão baixa em Goiás?

A questão da filiação é muito vinculada com a questão financeira das empresas, por conta das sazonalidades das receitas. O primeiro trimestre das agências, historicamente, é o mais fraco do ano porque os anunciantes principais são do comércio, do varejo, serviços. No segundo semestre é mais intenso, particularmente no último trimestre. E no primeiro trimestre ainda tem os outros encargos: contribuição patronal, IPTU, etc. Os anunciantes entram dezembro com despesas altas e quando chega janeiro e fevereiro, baixam os investimentos em mídia, sendo que para as agências as despesas continuam as mesmas. Por mais que se tenha, por exemplo, férias coletivas, as despesas continuam. É um período em que as contas não se equilibram, embora haja casos atípicos. Para facilitar novas adesões, o Sinapro definiu grades diferentes de mensalidade, pelo número de funcionários, na capital e no interior. Fizemos um ranking, de forma a flexibilizar a contribuição associativa. Com isso, conseguimos novas adesões. Na Abap buscaremos colegas que têm uma receita maior, que permite a filiação.

Como o senhor prevê que será esse ano?

O publicitário é otimista por natureza, então temos que pensar que no segundo semestre a situação vai melhorar. Será um ano bom, apesar de todos os problemas. A presidente Dilma Roussef tem falado sobre o controle da inflação, há muito dólar entrando na balança externa, compras no exterior, o brasileiro viajando bastante. Mas o budget da publicidade cresceu, os jornais especializados têm dado os números consolidados como crescimento acima da previsão. Estamos ultrapassando a Espanha, que é um mercado forte. Esses investimentos gigantes que estão sendo feitos em obras do PAC, por conta da Copa do Mundo de 2014, das Olimpíadas de 2016, tudo isso gerará investimentos em patrocínios, projetos especiais, culturais, artísticos, por meio dos quais toda a comunicação será beneficiada, e não apenas nas cidades onde haverá competição. Prova disso é que tem gente se antecipando a essas demandas. O governo federal também está fazendo licitações. Há uma promessa antiga de que a verba deve ser ainda mais regionalizada, então temos que bater sempre nessa tecla. Estou certo de que 2011 repetirá o bom resultado de 2009 e 2010.

Como está a formação em publicidade em Goiás? Tem aparecido bons estagiários, bons profissionais?

No período em que fiz faculdade, fiz jornalismo porque não havia curso de publicidade em Goiás. Hoje temos cerca de 10 cursos de publicidade na capital. Vamos colocar uma média de 30 formandos por curso, isso dá cerca de 300 diplomados, quantidade que o mercado não consegue absorver. E, no entanto, é difícil encontrar profissionais. É um contrassenso. Estou precisando de um publicitário para o atendimento e tenho dificuldades em encontrar. Às vezes a pessoa se forma e quer trabalhar por conta própria, aí ela facilita, não segue as normas padrão, enfim, concorre de maneira desleal. Nós tivemos muitos estagiários, acho que a nossa empresa é a que já teve mais estagiários. Muitos saíram para abrir seus próprios negócios. Tem muita gente boa, mas tem outros que estão quase formando e ainda estão indecisos se a escolha foi certa, se tem aptidão. Há um excesso de oferta, a gente tem que peneirar para escolher estagiários aptos e acaba tendo que lidar no dia-a-dia com estudantes que estão respondendo por departamentos de marketing de empresas importantes e a gente não consegue estabelecer uma relação de igual para igual para conversar. O fato deles terem convivido nas agências experimentais de faculdades vale mais para quem vai trabalhar na criação. A parte competitiva do negócio o estudante só vai entender no mercado. Já contratamos vários profissionais que começaram aqui como estagiários.
Esse mercado de gerentes de marketing cresceu muito e há muita reclamação que profissionais recém-formados ou até que não concluíram o curso são contratados como gerentes com poder sobre a atuação das agências...

Os departamentos de marketing dos clientes cresceram e eles estão sendo colocados nas mãos de estagiários. Antigamente as decisões eram com os donos e agora, às vezes, o cliente delega ao estagiário muitas situações estratégicas, decisórias e, geralmente, esse estudante, no afã do melhor fazer, dão passos em falso. Seria importante se houvesse um convênio entre as empresas e as universidades para se criar uma bolsa de estágio, por meio da qual os professores fizessem a triagem. Fizemos assim com a UFG uma vez, precisávamos de dois profissionais e eles disseram: “estes são os dois melhores que temos para indicar”. Quando a gente anuncia, dificulta, porque aparece gente demais e aí temos que fazer a triagem, o que demanda tempo. Acontece bastante do estudante estar no primeiro ano, às vezes no primeiro, segundo mês do curso e vem procurar o estágio. O melhor para as agências é quando o acadêmico já está na metade para o final do curso.

O senhor é um dos organizadores do Intermídias. Qual a expectativa para o evento?

Estamos ajudando na seleção dos palestrantes e na escolha dos temas do Intermídias. A professora Maria de Fátima Garbelini é a presidente da Comissão Organizadora e nas reuniões foram decididos nomes de algumas entidades, tanto do mercado quanto do meio acadêmico. Coube ao pessoal da faculdade contatar o meio acadêmico e a nós contatamos as entidades, o que já fizemos. Tudo caminha para ser um bom evento. O mix está bem interessante. Só o fato de estar sendo feito em parceria com a universidade garante um público bom e teremos palestrantes são de grande experiência no meio publicitário.

CHAPA: Eficiente e Aglutinadora

Presidente: Zander Campos da Silva Júnior
Agência: Cannes Publicidade

Diretor de Relações Interssociativas: Marco Antônio de Pádua Siqueira
Agência: AMP Propaganda

Diretor Administrativo - Financeiro:
Wilson Rodrigues de Sousa
Agência: DMW Propaganda

Diretor de Relações com o Mercado: José Geraldo Fagundes Freire
Agência: Casa Brasil Comunicação

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