Discurso proferido no dia 13 de março, durante a cerimônia de premiação
Rogério Lucas proferindo o discurso de abertura |
Senhoras e senhores,
Não há aqui nenhum político candidato a santo. Todos exercem em maior ou menor grau as responsabilidades e delícias do poder no contexto de sua humanidade. São falíveis e têm defeitos por que são iguais a cada um de nós, não são falíveis por serem políticos. O erro, o desvio, a escolha não são princípios da política, mas da essência humana.
Nos meus mais de 30 anos de jornalismo não conheci um político que pensasse em se candidatar a santo. O mais próximo que ouvi contar, acho, refere-se a Mahatma Gandhi. Na sua luta política pela independência da Índia, baseava-se em princípios filosóficos e religiosos consentâneos com a sua própria evolução espiritual. Nem isto o livrou, porém, de ser morto a tiros por um hindu que o considerava culpado da divisão da Índia.
Mas isto são outras histórias. Voltemos para o terreno da humanidade. Criticar políticos é, para nós, uma espécie de modalidade esportiva muito popular e abrangente. Há os jornalistas que se especializam nisto. De fato, há muitos políticos que dão motivo, às vezes diariamente, para que os enchamos de críticas, acusações e denúncias. Mas isto elevado à enésima potência e multiplicado pela repetição é muito ruim. Cria-se a sensação, falsa, de que devemos prescindir da política em nossas vidas, por que não há pessoas que se salvem, uma vez envolvidas nela. Não é verdade: fora da diplomacia, só se resolve conflitos internacionais através da guerra. Fora da política, só se resolve os conflitos sociais e pessoais através da violência.
Por isto há muita expectativa da sociedade em torno da Lei da Ficha Limpa. Aliás, há um exagero de expectativa. Tem muita gente acreditando que a partir do veto a candidaturas de quem já foi condenado por um tribunal as eleições melhoram 100 por cento. Não é verdade. Estes são os mesmos que acreditam que os males do Brasil brotam em Brasília e de lá ramificam para estados e municípios. Não fazem conta que são municípios e estados que mandam para Brasília seus políticos. Se bons ou maus, foram devidamente escolhidos pelo eleitor em sua plena legitimidade.
Também não é caso de, por causa dos maus políticos, execrar a democracia representativa, sobretudo o parlamento. Os piores crimes de uma ditadura sempre acontecem com o Congresso fechado ou totalmente subjugado. Tudo somado, o que quero dizer é da importância de uma homenagem como esta promovida agora em seu segundo ano pela Contato Comunicação, o competente Iuri Godinho e sua equipe. Aqui destaca-se a justeza da escolha dos melhores políticos a partir da formação do seu colégio eleitoral. O critério não é socioeconômico ou intelectual. A base dos que foram convidados a votar tem uma afinidade, que é de conhecer o mundo político, viver nele, ter informações que permitem uma avaliação justa, ciosa. Não são eleitores melhores que os outros, exceto pelo fato que são capazes de avaliar sem a contaminação da paixão, que turva o sentido e a razão.
Fazíamos isto pelo crivo do Clube de Repórteres Políticos, onde os eleitores eram os jornalistas que lidavam com a cobertura dos poderes, dos partidos, das lideranças políticas em geral. O escrutínio de Iuri levou à sugestão, prontamente aceita, de acrescentar aos jornalistas os dirigentes das principais entidades civis goianas. São agentes públicos que, em suas funções, também são obrigados a observar cotidianamente o comportamento dos políticos. E a essência que pode transformá-los em bons os maus governantes e mandatários.
Enfim, no dia a dia a facilidade reside em ver os políticos pelos seus defeitos que se destacam num julgamento emocional. Em ocasiões como estas, com os critérios da razão, procuramos mostrar que eles também têm qualidades para se destacarem. Colocar estas duas massas, qualidades e defeitos na balança, na hora de escolher os nossos candidatos, isto sim, mais do que qualquer Lei da Ficha Limpa, vai nos garantir uma representação melhor e melhores governantes.
Em nome da Contato Comunicação, do Iúri e no meu próprio, gostaríamos de fazer um agradecimento especial às empresas que acreditaram neste projeto de premiar os políticos de referência. A começar pela Consciente Construtora e Bambuí Empreendimentos, que nos recebem em sua casa. Também à Tecniprom, Tá na Web TV, que transmite esse evento ao vivo pela internet, Sicoob, SecoviCred, Gráfica Ellite, Conad, Saint Martin e Advocacia e Tribunais.
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