quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Por que a cirurgia é a melhor opção para o obeso mórbido

Por Oscar Barrozo Marra | Editor do Jornal Obesidade



A cirurgia de obesidade não é uma questão de estética, mas de sobrevivência. Isto ocorre porque não há tratamento clínico eficaz para portadores de obesidade mórbida, uma doença crônica que traz complicações sérias — como diabetes, hipertensão, cardiopatias e colesterol alto — e pode levar a morte. Na maioria dos casos, mesmo que o obeso mude seus hábitos alimentares, faça regime e exercícios, ele não consegue emagrecer e manter o peso sem o auxílio de remédios. O corpo humano tende sempre a voltar para o seu maior peso. Enquanto uma pessoa sedentária engorda em média um quilo por ano, o obeso engorda entre cinco e seis quilos.

Às vezes somos questionados sobre os riscos de morte durante as cirurgias, já que quando elas ocorrem são bastante alardeadas na mídia. Estudos em todo o mundo mostram que elas variam entre 0.3% e 1,5%, e estima-se que a taxa de mortalidade entre os obesos é 12 vezes maior em adultos, entre 25 e 40 anos, quando comparada a indivíduos de peso normal. Quer dizer, o risco do paciente morrer por causa da obesidade é bem maior do que na mesa de cirurgia, e as principais causas são as doenças cardiovasculares. Além disso, a doença causa prejuízos em outras áreas da vida, como dificuldade para dormir devido a problemas respiratórios, muitas vezes a pessoa não sai mais de casa, fica deprimida e não consegue nem andar porque os ossos não suportam o peso, o que faz com que o indivíduo viva à margem da sociedade.

Com a cirurgia o paciente perde cerca de 80% do peso em excesso, diminui ou elimina seu colesterol, assim como todas as outras doenças associadas ao coração. E nós não decidimos de um momento para outro que aquele paciente deve ser operado: primeiro fazemos uma avaliação completa das condições físicas e psicológicas do paciente, que será acompanhado por uma equipe multidisciplinar, de médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos no pré e no pós-operatório. A obesidade é uma doença que afeta o organismo todo. Se não for tratada de maneira global, os resultados não serão satisfatórios.

Nesta edição falamos sobre obesidade e gravidez, demonstrando os riscos para a vida da mãe e do bebê, bem como o alto custo com a saúde que isto representa. E foi comprovado por uma pesquisa feita na Universidade de São Paulo no ano passado: filhos de mães obesas têm 5,34 vezes a mais de chances de desenvolver a doença. avaliados alunos das redes privada e pública da cidade de São Paulo. Das 420 crianças atendidas na unidade, apenas 25% têm mães magras, ou seja, com um índice de massa corporal (IMC) abaixo de 25. Além disso, segundo a pesquisa, 90% desses pacientes infantis já eram obesos antes dos 10 anos de idade, o que indica hábitos alimentares errados desde cedo.

A conscientização é a melhor forma de mudarmos hábitos errôneos. Por isso, trazemos ainda uma matéria sobre os erros dos regimes alimentares, que levam à rápida perda de peso, mas também ao rápido ganho, gerando o chamado efeito sanfona e causando diversos males à saúde. Empenhados em auxiliar na qualidade de vida de toda a população goianiense, desejamos a você uma boa leitura e bons hábitos alimentares.


Jornal Obesidade, fevereiro de 2012.

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