sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Novo medicamento para controle do diabetes tipo 2

Substância liraglutida tem agido no controle da pressão arterial, do metabolismo e auxiliado na perda de peso e agora está sendo testado em pacientes obesos

O victoza (liraglutida) é um remédio recém-lançado no Brasil para o tratamento do diabetes melitus tipo 2 e tem apresentado resultados compensadores, de acordo com endocrinologista Luciana Muniz Sanches Siqueira Veiga Jardim, pesquisadora da Liga de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiás. “Ele age aumentando a saciedade e pode se dizer que é o primeiro remédio para diabetes que atua significativamente na perda de peso, com diminuição de circunferência abdominal e Índice de Massa Corpórea (IMC)”, afirma. “Em todos os estudos clínicos realizados com pacientes diabéticos houve melhora significativa da glicemia de jejum, da glicemia pós-prandial, da HbA1C, do perfil lipídico e dos níveis pressóricos”, enumera.

Luciana Veiga Jardim diz que, quanto maiores o IMC e a circunferência abdominal iniciais, maiores foram as reduções constatadas nos estudos clínicos. “Outro ponto interessante da medicação é que os parâmetros metabólicos e níveis pressóricos melhoraram, independente da perda de peso”, comemora. “Ao contrário dos outros medicamentos para controle do peso, não age no sistema nervoso central e os efeitos colaterais são mínimos e, na maioria dos casos, transitórios”, complementa.

De acordo com a endocrinologista, o medicamento imita uma substância natural do organismo, o GLP1, principal hormônio associado à saciedade e à produção de insulina pelo pâncreas. No entanto, a liraglutida é cerca de oito vezes mais potente que GLP-1 natural e, além de circular em quantidades muito maiores, sua ação se estende por aproximadamente 24 horas, levando a uma redução de aproximadamente 40% no consumo de calorias.

Embora o victoza ainda não tenha sido autorizado para tratamento da obesidade, já estão em fase adiantada estudos com pacientes obesos e com sobrepeso, sem diabetes, com resultados animadores, principalmente naqueles pacientes nos quais as outras opções de tratamento foram esgotadas. “Somente com o término desses estudos clínicos teremos segurança para prescrever amplamente a liraglutida para combate à gordura. Recomenda-se ainda muita cautela na prescrição. É necessário uma avaliação com um especialista para se ter certeza se o paciente tem ou não indicação da medicação”, orienta, lembrando ainda que é preciso associar a atividade física e a alimentação saudável com qual tratamento medicamentoso.
 
Luciana diz ainda que em pessoas que não são portadoras de diabetes o remédio não estimula a secreção de insulina pelo pâncreas, não havendo assim risco de sobrecarga do órgão, nem hipoglicemias. E embora reduza o apetite, a médica diz que está comprovado que, a maioria dos pacientes, não perde o prazer à mesa. “Ocorre mudanças na relação com a comida”, assegura.

O medicamento é administrado sob a forma de injeções, uma vez por dia, preferencialmente sempre no mesmo horário. “O próprio paciente faz a aplicação por meio de uma caneta com uma agulha de 6 mm de comprimento e menos de 1mm de diâmetro, acopladas a uma cânula”, informa Luciana. Apesar dos poucos efeitos colaterais, ela diz que o Victoza pode causar náuseas e dor de cabeça, que, na maioria das vezes, são transitórios. “É considerado um medicamento bem tolerado, associado à baixa ocorrência de hipoglicemias. Mesmo a taxa de incidência de pancreatite nos pacientes tratados com a medicação foi conforme a taxa prevista para a população de pacientes com diabetes tipo 2”, conclui a médica.

Revista da Sociedade Goiana de Cardiologia, novembro de 2011.

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