segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Doença que cega pode ser evitada

Falta de diagnóstico preciso do glaucoma prejudica o sucesso do tratamento

Glaucoma, junto ao diabetes, é a principal causa de cegueira de forma irreversível no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 65 milhões de pessoas já foram diagnosticadas com glaucoma em todo o mundo — dessas 900 mil são brasileiras. Calcula-se que existem aproximadamente, mais de três milhões de pessoas cegas portadoras da doença. Segundo o especialista Ricardo Antônio Pereira, em Goiânia cerca de 10 mil pessoas estão sendo tratadas e 30 mil que não estão, por não terem um diagnóstico correto. “A preguiça do paciente atrapalha para se ter um diagnóstico preciso para se atuar de forma preventiva”, alerta o oftalmologista.

A pressão intraocular elevada é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de glaucoma. Há dois tipos: primário, ligado à hereditariedade; e o secundário, causado por outra doença que provoca a pressão ocular. Inicialmente o glaucoma possui três características: aumento da pressão ocular, alterações da cabeça do nervo ótico e alterações do campo visual. Porém, Ricardo Antônio destaca que a doença é multifatorial, ou seja, há vários sintomas que influenciam no resultado final.

O glaucoma costuma aparecer em indivíduos acima dos 45 anos de idade, e entre negros a incidência é maior. Pessoas que têm parentes portadores de glaucoma, pacientes com alto grau de miopia e diabéticos devem estar alertas. “Mas, isso não quer dizer que a doença não possa atingir crianças”, salienta o médico. Com maior frequência, o glaucoma primário é uma doença completamente assintomática e silenciosa. O paciente vai perdendo o campo visual sem que haja sintoma. Já o secundário possui como sintoma a dor.

TRATAMENTO

“A doença não tem cura, apenas controle, por isso, não existe um tratamento único, pois depende da causa”, explica. O especialista diz que o mais comum é tratar o glaucoma primário a base de colírios e aplicação de laser em casos cirúrgicos. Porém, ele ressalta que se a doença não estiver controlada, aumenta-se a pressão ocular, que corroí o nervo óptico levando à cegueira.
 
Fique por dentro
Glaucoma: doença ocular causada principalmente pela elevação da pressão intraocular que provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento visual. Se não for tratado adequadamente, pode levar à cegueira.
Tipos de glaucoma
*crônico simples ou glaucoma de ângulo aberto: representa cerca de 80% dos casos, incide nas pessoas acima de 40 anos e pode ser assintomático. Causado por uma alteração anatômica na região do ângulo da câmara anterior, que impede a saída do humor aquoso e aumenta a pressão intraocular.
*glaucoma de ângulo fechado: a principal característica é o aumento súbito de pressão intraocular
*glaucoma congênito: forma mais rara acomete os recém-nascidos
*glaucoma secundário: é decorrente de enfermidades como diabetes, uveítes, cataratas.
Fonte: Sociedade Brasileira de Glaucoma

O método mais adequado para se prevenir o glaucoma é realizar exames oftalmológicos de rotina, pois eles ajudam a detectar a doença. “O glaucoma na fase inicial, sem que haja alteração da pressão ocular, é bastante difícil de ser diagnosticado”, atesta o oftalmologista. Com os exames específicos, aumentou o número de pessoas que são diagnosticadas na fase inicial.

De acordo com a OMS, a cada ano são registrados 2,4 milhões de novos casos de glaucoma no mundo. A doença pode se manifestar de diferentes maneiras: de ângulo aberto (80% dos casos), de ângulo fechado, de pressão normal, pigmentar, secundário e congênito e é responsável por cerca de 13% da cegueira derivada de enfermidade.

Para Ricardo Antônio o governo federal deveria ser mais atuante no combate do glaucoma, pois não existem ações de políticas de saúde públicas para o tratamento da à doença. O médico sugere que o ideal seria implementar campanhas de observação, de diagnóstico, principalmente em locais onde há populações com poucos recursos. “A medicação é bastante cara, por isso se tem uma aderência baixa no tratamento, pois o custo dos remédios pesa no bolso da população mais pobre”, informa.

Revista Oftalmologia em Goiás, outubro de 2011.

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