quarta-feira, 14 de setembro de 2011

DALTONISMO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Por GIULIANNA LIMONGI DE SOUZA CARVALHO COSTA | Oftalmologista pela Universidade de Santo Amaro - São Paulo, residência médica em Oftalmologia e subespecialização em Retina e Vítreo pelo Centro de Referência em Oftalmologia da Universidade Federal e Goiás (CEROF-UFG) e Mestranda pela Faculdade de Medicina da UFG-GO

 Não há ainda tratamento para o daltonismo, trata-se de uma doença genética e por enquanto não existe nenhuma forma de alterar o aparecimento ou o curso da doença


O daltonismo é uma doença congênita que provoca a confusão de cores, principalmente o verde e o vermelho. Também chamado de discromatopsia ou discromopsia, tem normalmente origem genética, mas pode ainda resultar de lesão nos órgãos responsáveis pela visão, ou de lesão de origem neurológica.

O daltonismo de origem genética tem padrão de transmissão recessivo ligada ao sexo (ligado ao cromossomo X), o que significa que aparecem quase que exclusivamente em homens. Estima-se que um décimo da população masculina tenha tal alteração. As mulheres são, na maioria das vezes, as portadoras do gene (é necessário que os dois cromossomos X contenham o gene anômalo para que ela manifeste a doença). Com isso, se elas forem portadoras deste gene, elas têm visão para cores normais, mas seus filhos homens têm 50% de chance de manifestar a anomalia.

Não é considerada uma doença debilitante, apesar de dificultar algumas atividades diárias e impossibilitar certas escolhas profissionais. Por exemplo, um daltônico nunca poderá ser piloto de avião, engenheiro elétrico ou eletricista, mas somente nestas profissões que exigem uma diferenciação minuciosa de cores. Alguns daltônicos já foram bastante requisitados em guerras para encontrar pontos camuflados, já que mesmo com dificuldades de identificar as cores, eles possuem excelente capacidade de perceber a diferença de profundidade das imagens. É válido lembrar que a capacidade visual desse indivíduo não está comprometida.

A escolha de roupas é a dificuldade número um encontrada por daltônicos, podendo provocar situações difíceis. Para evitar problemas como esse, o daltônico pode passar a decorar as combinações de roupas e, se precisar mudá-las, pede a opinião de outra pessoa antes de sair de casa. Nas escolas, os lápis de cores podem ter o nome de cada cor gravada em seu corpo de modo a facilitar sua identificação.

Não há ainda, tratamento para o daltonismo, trata-se de uma doença genética e por enquanto não existe nenhuma forma de alterar o aparecimento ou o curso da doença. É possível que no futuro com a ajuda da engenharia genética seja possível manipular os genes de forma a alterar esta situação. Entretanto um daltônico pode viver de modo perfeitamente normal, desde que tenha conhecimento das limitações de sua visão. O portador do problema pode, por exemplo, observar a posição das cores de um semáforo, de modo a saber qual a cor indicada pela lâmpada. 

Como na idade escolar surgem as primeiras dificuldades com cores, sobretudo em desenhos e mapas, os pais e professores devem estar atentos ao problema, evitando constranger e traumatizar a criança. Pode ser frustrante para uma criança ter a certeza de que está vendo algo em determinada cor, enquanto todos os colegas e a professora afirmam que ela está errada.

Atualmente existem lentes que aumentam o contraste entre as cores; estas lentes ColorMax foram desenvolvidas para melhorar a discriminação entre cores que parecem iguais e podem dar alguma ajuda nas pessoas que têm dificuldade em distinguir o verde do vermelho.

Todas as crianças devem fazer o teste para daltonismo quando forem levadas ao oftalmologista, para que tal doença não seja confundida com dificuldade de aprendizado ou de atenção. Os adultos que nunca fizeram teste e que possuem algum caso de daltonismo na família devem procurar exame oftalmológico, para investigação adequada.

Atualmente não existe nenhum tipo de tratamento conhecido para esse distúrbio. Há porém, uma empresa americana fabricando lentes que permitiriam a distinção de cores pelos daltônicos. Elas seriam seletivas quanto à passagem de luz, bloqueando o necessário para corrigir defeitos da visão. Os tais óculos custam cerca de US$ 700. Mas alguns estudiosos ainda encaram a iniciativa com reservas alegando que anão há estudos científicos que reconhecidamente indiquem o método.

Por enquanto a única ajuda que se pode dar aos doentes é o aconselhamento genético, nomeadamente para os portadores das formas graves da doença, para que possam programar de forma racional a sua descendência. Relativamente às formas leves, mais frequentes, a doença pouco interfere com a qualidade de vida dos doentes. Há mesmo quem afirme que o daltonismo não é na verdade uma doença mas apenas uma maneira diferente de ver as cores.

Revista Oftalmologia em Goiás, agosto de 2011.

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