Kleber Adorno, secretário municipal de Cultura de Goiânia |
A Contato Comunicação realizou neste início de ano a pesquisa Mais Influentes da Política em Goiás (veja mais neste blog). A seguir, um dos vencedores.
Escritor e poeta, Kleber Adorno foi secretário estadual de Cultura de Goiás no governo de Henrique Santillo e deputado estadual. Atualmente, é secretário municipal de Cultura de Goiânia.
Começo da militância
Desde pequeno já dava indícios que gostaria de política. Era estudante do ensino médio no Colégio Bandeirantes, quando criei o Novo Gen – Novo Grupo de Escritores Novos – uma ação concreta de renovação da literatura e já, à essa época, aproximei-me do antigo MDB. Tinha apenas 13 anos, mas a filiação partidária mesmo só aconteceu quando completei 18. Minha formação, enquanto ser humano, esteve voltada para o equilíbrio entre o individual e o coletivo.
Desilusão e afastamento
Assim como não consegui separar o individual do coletivo, não separo o pessoal do social. No início dos anos 90 – deputado estadual com trajetória ascendente – perdi minha filha mais velha, de apenas 15 anos, em um acidente de carro. Uma dor intensa, infalivelmente, nos joga para um turbilhão interno e, nestes momentos, os questionamentos vêm à tona com muita força. É quando começamos a questionar a validade dos nossos esforços, pessoais e políticos. Somos atores fundamentais para a formação social, para instaurar uma nova concepção de mundo e gerar uma nova consciência política. Se não podemos transformar o mundo, podemos transformar a nós mesmos. E este período marca a minha desilusão com a política e, posteriormente, meu afastamento.
Jogos de interesse
Desafios, enfrentamos o tempo todo, uns mais fáceis, outros mais difíceis. Talvez o mais difícil seja conciliar a minha natureza filosófica e visão de mundo, à realidade estabelecida. Atualmente não se faz política por vocação. As pessoas realmente vocacionadas acabam se afastando do processo político que, por sua vez, é apropriado por políticos profissionais, que trabalham os jogos de interesse. Esta não é uma característica de Goiás apenas, mas todo o Brasil passa por essa crise de identidade política.
Reforma institucional
Não há como pensar em mudança política, sem reforma institucional. O embate democrático não deveria jamais baixar o nível, mas o caminho a ser percorrido evidencia que ainda há o que aprender neste processo. O mundo muda o tempo todo, apesar de nós. Pela própria impossibilidade de conhecer profundamente aqueles que serão nossos governantes, muitos somos vítimas dos argumentos logicamente inconsistentes, com pouco ou nenhum fundamento, falho na capacidade de provar de maneira eficaz aquilo que se alega. Em época de campanha percebemos a necessidade do financiamento público. Candidatos gastam mais do que ganharão em seus mandatos inteiros, por mais que ganhem bem. Uma reforma deveria, em tese, basear-se no tripé responsabilidade-vocação- educação.
Prêmio
Estou surpreso com o resultado da pesquisa. Vivemos um tempo de pouca memória e um resultado como esse tem significação pedagógica. Há embutido no ser humano o desejo de crescer, de evoluir, de se realizar interna e exteriormente, ainda que para alguns isso ainda seja latente e não tenha se expressado no campo da consciência. De nossa parte, todas as atividades e projetos desenvolvidos são marcados pela responsabilidade na nossa postura para a preservação do encanto, com prudência para que o conteúdo se sobreponha à forma, e dando vazão à sensibilidade de maneira que possa despertar as emoções nas pessoas. Acreditamos que estes são os argumentos que sustentam e dão validade emocional, íntima e psicológica, mesmo que a ação seja política.
Revista dos prêmio Mais Influentes da Política 2011, Março de 2011
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