quarta-feira, 13 de abril de 2011

Isaura Lemos, deputada estadual mais influente de Goiás em 2011

Isaura Lemos: " Como vivemos um período sem liberdade política, a maior riqueza que conquistamos foi a democracia"

A Contato Comunicação realizou neste início de ano a pesquisa Mais Influentes da Política em Goiás (veja mais neste blog). A seguir, um dos vencedores.
A deputada estadual Isaura Lemos (PDT) foi escolhida, com 28% dos votos, a Política Mais Influente em Habitação de Goiás em 2010. Na defesa pelo direito à moradia há mais de 20 anos, ela acredita o Brasil vive o melhor momento nessa área e que o programa do governo Minha Casa Minha Vida prioriza quem realmente precisa.

Início da trajetória

Comecei durante a ditadura militar, quando aconteceu a morte de um estudante do Rio de Janeiro que lutava por melhores condições de ensino. Minha família sempre esteve em lutas políticas. Me engajei em um movimento estudantil da Igreja Católica chamado Serviço Pastoral Estudantil Secundarista até os 18 anos, quando encontrei o meu marido, Euler Ivo, que era do PCdoB e aí me filiei também. Na época que o conheci, ele tinha acabado de chegar da China, onde fez curso de guerrilha. Ao retornar, se engajou em uma base de guerrilha no sertão da Bahia. Deixei meu curso de psicologia em São Paulo e fui com ele. Aos 20 anos fui para a clandestinidade. Com 24, já estava em outra base de guerrilha na Amazônia. Lá tive minha primeira filha, a vereadora Tatiana Lemos.

Amazônia

Foi um momento difícil, uma grande solidão. Eu não tinha contato com minha família porque temia pela segurança dela. Foi ainda uma solidão cultural porque eu era estudante universitária e de repente me tornei uma camponesa que carregava água na cabeça, cozinhava no fogão à lenha. Mas essas dificuldades da vida diária não eram o pior, e sim a solidão, sem pessoas para conversar. Eu era um personagem, tinha outro nome, tinha que aparentar, inclusive para minha própria segurança e de meu marido, ser uma pessoa diferente. A gente sempre tinha um nome e apelido para poder dificultar o serviço de segurança da ditadura, que vivia procurando os subversivos no interior do País.

Luta por moradia

O interesse começou quando o Euler foi eleito vereador, em 91, e fez uma pesquisa com as famílias que conhecíamos e foi sugerido: “por que vocês não abraçam a causa da moradia? É uma luta tão necessária”. O Euler fez a primeira reunião, divulgada em carro de som, e apareceram milhares de famílias precisando sair do aluguel. O projeto já começou grande. Desde 91 fazemos uma reunião mensal no Cepal do setor Sul, onde comparecem de três a quatro mil famílias.

Conquistas

Como vivemos um período sem liberdade política, a maior riqueza que conquistamos foi a democracia. O fato de poder escolher os governantes, algo que hoje talvez não damos importância, porque se fala até em voto não obrigatório, mas que é essencial para a vida política do brasileiro. Não acredito em democracia onde não exista a participação do povo. Na época da ditadura não podíamos nos organizar em sindicatos ou movimentos estudantis porque tudo era considerado perigoso, “coisa de comunista”.

O prêmio

Fiquei honrada. Acho que é meu primeiro prêmio. É um reconhecimento não só a mim mas à minha equipe, que me ajudou nessa trajetória para que pudéssemos focar o que é essencial. Quero agradecer a todos que me indicaram. Nosso gabinete está de portas abertas. Queremos ser um instrumento do povo para a realização de seus anseios. Estou deputada para isso. Sem a participação popular não somos nada.

Revista dos prêmio Mais Influentes da Política 2011, Março de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário