Bruno Galafassi Ghini | Médico nuclear
As imagens do PET demonstram a bioquímica dos órgãos e outros tecidos como tumores. Para isso é injetado um radiofármaco no paciente, que é uma molécula composta por um fármaco biologicamente ativo (como a glicose no caso do 18F-FDG) e um elemento radioativo, como o Flúor 18 (18F). Esse elemento radioativo emite sinais (raios gama) que são detectados pelo aparelho de PET. A quantidade de radiação usada é pequena, portanto não há efeitos colaterais.
A inovação trazida à oncologia pelo PET-CT se mostra com mais propriedade em alguns tipos de doenças, como por exemplo nos linfomas. Se antes a análise desses casos estava restrita a alterações anatômicas pela tomografia computadorizada e ressonância magnética, a análise da atividade metabólica das lesões pelo PET-CT trouxe novas perspectivas de diagnóstico precoce no estagiamento e pesquisa de recaída da doença.
O PET-CT tem alta sensibilidade (maior que 90%) no diagnóstico da maioria dos linfomas, o número de lesões vistas ao PET-CT é maior que o da tomografia computadorizada. Além disso a especificidade dos achados no PET-CT é superior, ou seja, uma alteração anatômica à tomografia computadorizada após o paciente já ter sido submetido a tratamento não corresponde, necessariamente, a recaída da doença, porém se esse achado tiver alteração metabólica no PET-CT a probabilidade de se tratar de um linfoma é maior.
Tanto nos linfomas Hodgkin quanto nos não-Hodgkin o PET-CT é usado não somente para identificar a doença no seu início, mas inclusive avaliar a presença de doença residual após o tratamento e reestagiar, identificando locais para biópsia e até mesmo quantificando a eficácia da terapia. Dessa forma, antes mesmo do término da quimioterapia o oncologista já pode verificar a eficácia do tratamento, e se necessário, mudar o esquema terapêutico.
Como no PET-CT faz-se imagens do corpo inteiro, o exame dá uma visão detalhada da distribuição da doença no paciente, permitindo escolher a terapêutica apropriada em cada caso. Nos últimos 10 anos o uso do PET-CT vem crescendo exponencialmente, assim como as indicações a este exame. Isso se deve não apenas por suas características de alta resolução, sensibilidade e especificidade, mas ainda por motivos econômicos. Um diagnóstico precoce de doença e seu estagiamento correto permitem o tratamento correto para cada caso logo de início, evitando que o paciente seja submetido a procedimentos que sejam onerosos e não indicados no seu caso específico. Isso reduz o número de internações e cirurgias desnecessárias.
Revista Vida Nova, março de 2011
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