Autismo é um distúrbio complexo do desenvolvimento, definido por alterações do comportamento, com causas múltiplas e graus variados de severidade que vai do mais grave ao quase normal (espectro autista), informa a especialista em neurologia pediátrica, Maria das Graças Brasil. Segundo ela, na criança portadora de autismo, observam-se atrasos do desenvolvimento perceptivo-cognitivo que levam a um contato particular e específico com o mundo exterior. “Há quatro grupos de sintomas que caracterizam o autismo: desenvolvimento anormal ou alterado antes dos três anos de idade, prejuízo social, prejuízo na comunicação e atividades e interesses restritos e repetitivos”.
Maria das Graças diz que raramente as características são percebidas pelos pais no primeiro ano de vida, mas, em uma análise retrospectiva, se percebe que o desenvolvimento da criança nunca foi inteiramente normal, ressaltando-se o desinteresse social evidenciado pela indiferença ao carinho ou a ausência da busca do colo. “Em grande parte das crianças, a família percebe que, após um período de desenvolvimento aparentemente normal até o segundo ou terceiro ano de vida, há uma perda de habilidades previamente adquiridas em termos de interação social, comunicação e brincadeiras”, explica.
Assim, faltam qualidade e reciprocidade na relações, o que gera prejuízo social. “Em crianças menores já se percebe um pobre contato visual, desinteresse nas pessoas como pessoas (são vistas como máquinas de fazer cócegas, caixas de pirulitos, etc.). Não conseguem reconhecer as emoções das outras pessoas e nem buscam consolo quando se machucam. Não se relacionam com outras crianças, preferindo as brincadeiras solitárias”, descreve.
Na parte da comunicação, o autismo afeta tanto a linguagem verbal quanto a não verbal; tanto a compreensão quanto a expressão, conforme a neuropediatra. “Cerca de 50% dos autistas nunca adquirem fala útil. A fala, quando surge, é anormal e se caracteriza por ecolalias (repetição imediata ou tardia de palavras ou frases de outra pessoa), frases prontas ou questionamentos repetitivos, dificuldades em usar a primeira pessoa (eu) e entonação anormal (recitada ou monótona)”.
Ela informa ainda que crianças autistas devem ser estimuladas com metodologia adequada por equipe inter e multidisciplinar. “Necessita-se de fonoaudiólogos, musicoterapeutas, educadores, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros, além de orientação e suporte à família. Crianças bem estimuladas precocemente costumam evoluir com maior autonomia”, conclui.
Jornal da Sociedade Goiana de Pedriatria, abril de 2011
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