O sedentarismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde e pela American Heart Association como um dos quatro principais fatores de risco de aterosclerose e doença isquêmica coronariana, patologias responsáveis por diversos óbitos, além de ser o mais forte e independente fator para o aparecimento de uma série de doenças degenerativas. “Isso fez com que a atividade física seja vista por uma série de países como uma questão de saúde pública. Desta forma, exercitar-se é bastante importante para redução do risco cardiovascular”, esclarece o cardiologista e médico do esporte Gustavo Paz Esteves Ferreira Fonseca. “Porém a intensidade, a duração e a frequência devem ser bem determinadas para que não ocorra o aumento do risco cardiovascular”, ressalva.
Segundo o especialista, a falta de tempo é o principal motivo alegado pelas pessoas que praticam exercícios físicos apenas no final de semana, mas ele acredita que existe ainda o fato de os benefícios do esporte não serem visualizados de forma rápida. “Quando tomamos uma medicação para tratar alguma doença os resultados costumam ser imediatos. A prática de atividade física exercícios físicos traz vários benefícios ao organismo que serão sentidos a longo prazo, por isso a maioria acaba fazendo exercícios apenas como uma forma de descontração ou acabam por utilizar de substancias proibidas para acelerar os objetivos”.
Gustavo Paz diz ainda que, em 2007 as instituições American College of Sports Medicine/American Heart Association (Colégio Americano de Medicina do Esporte/Associação Americana do Coração) elaboraram recomendações que definem qual a intensidade, duração e modalidades de atividades físicas que geram manutenção e promoção da saúde em indivíduos com idades entre 18 e 65 anos. De acordo com estas recomendações, detalha Gustavo, os exercícios aeróbicos devem ser realizados por no mínimo 30 minutos por dia e pelo menos cinco vezes na semana em intensidade moderada, ou em intensidade vigorosa por 20 minutos diários e três vezes na semana. “Assim a prática física apenas nos finais de semana acaba sendo algo perigoso já que esses indivíduos aproveitam essas poucas horas para “tirar o atraso” da semana, aumentando o risco de eventos cardiovasculares”, afirma.
O médico lembra inclusive que, antes de iniciar a prática de atividade física, é necessário passar por uma avaliação com um cardiologista ou médico do esporte experiente. “Dessa forma o especialista poderá diagnosticar se existe alguma doença, como também prescrever o exercício na intensidade, duração e frequência ideais para o melhor desempenho e proteção cardiovascular”, aconselha. “Além disso, a prática de exercícios sem orientação de um especialista pode causar lesões oesteoarticulares e musculares, além do aumento do risco de eventos cardiovasculares (IAM, AVC) e a síndrome de overtraining, que se caracteriza por uma redução inexplicada do desempenho e da resposta ao treinamento em indivíduos saudáveis”, finaliza.
Cuidados antes e depois
• É importante a hidratação adequada cerca de uma hora antes de qualquer exercício e durante as atividades superiores a 30 min.
• Durante o exercício devem ser evitadas bebidas com alto teor de açúcar, álcool e bastante carbonatadas porque o álcool pode desidratar o corpo; os sucos de frutas e refrigerantes são ricos em açúcar, o que diminui a absorção de líquidos pelo organismo; e a carbonatação pode causar queimação na garganta e irritar o estômago durante o exercício.
• Antes a atividade é essencial fazer os exercícios de alongamento para evitar lesões músculo-esqueléticas.
Jornal Via Médica, março de 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário