terça-feira, 22 de março de 2011

Doenças do coração são a principal causa de morte no mundo

“Diversas pesquisas têm demonstrado que, se por um lado, a expectativa de vida do brasileiro cresceu nos últimos dez anos, há, por outro, um índice  maior de doenças cardíacas”, diz a cardiologista Mary Janey Alves Ferreira, acrescentando que houve ainda um aumento de situações graves, fazendo com que as cardiopatias se tornassem uma das principais causas de mortes na atualidade.

Segundo ela, as  doenças cardiovasculares, representam a causa mais frequente de morte nos países desenvolvidos, respondendo por cerca de um milhão de óbitos anualmente nos EUA. “No Brasil, a mortalidade por essas doenças também é elevada, respondendo por cerca de 34 % das causas de mortes, ocupando o primeiro lugar dentre as causas de morte de adultos.”

Mary Janey esclarece que muitas cardiopatias são congênitas, ou seja, quando há alguma anormalidade da estrutura ou função do coração presente desde o nascimento, mesmo que descoberta mais tarde. “Uma das principais causas é a rubéola sofrida pela mãe durante a gravidez”, avisa.
Entre as doenças cardíacas que podem ser congênitas ou adquiridas, a cardiologista cita as doenças das valvas do coração, quando uma das quatro valvas apresentam um funcionamento defeituoso. “Esse defeito pode estar na abertura ou no fechamento da valva. A principal causa é a febre reumática, responsável por grande número de portadores de doença cardíaca entre os cinco e 30 anos no Brasil”, informa Mary Janey.

A especialista discorre inclusive sobre as doenças do miocárdio, que consistem em um defeito no músculo do coração, que se torna enfraquecido, cada vez menos capaz de ejetar a quantidade de sangue que o organismo necessita. “Uma das causas mais frequentes no nosso meio é a doença de Chagas, uma doença infecciosa causada por um parasita chamado Trypanosoma cruzi, que é transmitida por insetos chamados barbeiros”, precisa.

Além disso, continua a especialista, agentes infecciosos – bactérias, vírus, fungos e parasitas – podem acometer as estruturas que compõem o coração. Existe ainda a cardiopatia isquêmica, que se deve à obstrução ou espasmos das artérias coronárias.

O tratamento das cardiopatias é individualizado, pode ser medicamentoso e/ou intervencionista, que vai de pequenas intervenções cirúrgicas até transplante cardíaco. “Deve-se estar sempre atento aos sintomas que detectam essas doenças, pois quando se inicia precocemente o tratamento, observa-se um significante aumento na sobrevida, na capacidade de exercício, no retorno ao trabalho e na qualidade de vida”, aconselha a médica.

PREVENÇÃO

Para prevenir cardiopatias, Mary Janey cita a não-exposição a possíveis agressores (como exames radiológicos) e a certos medicamentos (como a Talidomida) durante a gravidez. Ela lembra inclusive que antes de engravidar é necessário que a mãe esteja imunizada contra a rubéola. Quanto à doença de Chagas, ela frisa que é preciso eliminar o barbeiro, principalmente  com a construção de melhores habitações, medida que ainda contribui para a prevenção da febre reumática, bem como o  tratamento efetivo de processos infecciosos.

“De uma maneira geral, hábitos saudáveis de vida devem ser adotados desde a infância e adolescência, sendo as principais recomendações manter uma alimentação saudável, com consumo controlado de sódio, potássio e álcool e, principalmente, combater os fatores de risco cardiovasculares: hipertensão arterial, diabete, dislipidemia, obesidade, sedentarismo e tabagismo”, ressalta.

Jornal Via Médica, março de 2011

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