sexta-feira, 4 de maio de 2012

Prazer em servir bem

O mais votado na categoria Garçom, Emerson de Souza Brito comenta as razões de seu sucesso profissional e diz que o goiano deveria ser mais exigente no quesito bom atendimento
EMERSON DE SOUZA BRITO é formado em Administração de Empresas mas adora sua profissão de garçom, fazendo sempre questão de ser bem educado com as pessoas


“Eu sou bastante comunicativo, eu gosto muito daquilo que faço, eu me apresento sempre com o meu nome e tenho uma enorme facilidade de memorizar nomes, rostos. E tenho uma grande particularidade, eu sei que meu trabalho é servir, então não me irritam as 'frescuras' do cliente, quando ele quer gelo, quando ele não quer, quando ele quer com mais isso, mais aquilo. Fico feliz de atender o cliente da forma que ele quer.” Assim Emerson de Souza Brito, do Beni Restaurante, resume seu sucesso profissional e o fato de ter conquistado o prêmio Mais Admirados da Gastronomia em Goiás 2012 na categoria Garçom.

Emerson conta que começou na profissão casualmente: “Vi um anúncio para atendente no Giraffa’s, eu não tinha noção nenhuma do que era ser atendente, mas fui lá, me inscrevi, e me disseram que eu teria que atender as pessoas. Eu imaginei que atender era ser educado, comecei a ser educado com as pessoas e deu certo. Fui criando as fórmulas de gentileza sozinho”.  Isto fez que com que  em trinta dias ele fosse promovido a trainee em atendimento.

Depois dessa experiência significativa, Emerson fez um curso no Castro’s Hotel e se especializou como garçom. “Eu já trabalhei em várias casas em Goiânia, dentre elas a Picanha na 10 que era uma casa muito famosa, fui gerente de lá. Me formei em Administração de Empresas e trabalho nessa área há mais de 15 anos”, resume. “E um grande segredo para atender bem é ser apaixonado pelo que faz. Eu gosto muito do que eu faço, me sinto bem quando a pessoa sai daqui bem atendida, mesmo que ela não perceba”, completa.

Emerson considera que o atendimento nos bares e restaurantes em Goiânia, infelizmente, ainda não é muito bom e que poucas pessoas que se destacam. “Fico feliz de estar entre essas pessoas. Para mim, este prêmio representa reconhecimento. Goiânia ainda tem uns 10, 15 profissionais muito bons nessa área, que atendem da forma antiga e por isso são bons profissionais”, avalia.

ATENDIMENTO
Perguntado sobre o mercado gastronômico goiano, Emerson analisa que cresceu bastante e que, possivelmente, está entre os três que mais cresceram nos últimos 20 anos no país. No entanto, acredita que qualidade profissional está na contramão desse crescimento. “Hoje em dia temos cozinheiros, bartenderes, atendentes, garçons que não têm formação. Antigamente havia garçons formados, hoje em dia temos muitos 'bandejeiros'. Antigamente tínhamos bons cozinheiros, hoje em dia temos auxiliares de cozinha que sabem fazer os pratos”, critica.

Como exemplo ele cita um episódio de um cliente, que o chamou um dia na mesa surpreso com a informação passada por outro garçom. “Ele me disse assim: 'Olha, o rapaz me falou que vocês só conhecem carne de boi, essa casa de vocês não conhece suíno, não conhece ave'. Expliquei para ele que a pessoa era inexperiente e que ele tinha dado a informação errada. Foi cômico o garçom não saber que no lugar onde ele trabalhava existia outro tipo de carne além da bovina”, relembra.

Para ele, uma das razões para esta queda na qualidade do atendimento se deve ao fato do goiano não ser muito exigente. “O goiano gosta muito do trivial, do espetinho, picanha da chapa, um bom chopp, de comidas requintadas o goiano não gosta muito e isso facilita a grande quantidade de pessoas inexperientes no mercado”, avalia. “Gostaria muito que a pessoa que está sendo atendida fosse mais criteriosa. A culpa do atendimento de Goiânia não ser 100% é que os clientes são menos exigentes. O cliente vai a um bar, demora uma hora para ser atendido, a cerveja não estava boa, a comida não estava boa e ele continua voltando naquele mesmo bar”, atira, complementando que o goiano procura lugar cheio, não se importando se o atendimento é bom, se a higiene é boa, se a comida é boa. “É preciso ter essa percepção, buscar um bom atendimento, ter uma comida boa mesmo, que esse lugar não seja muito cheio”, aconselha.

FUTURO

E Emerson também pensa em dar uma “mãozinha” para melhorar o nível do atendimento das casas de alimentação em Goiânia. Ele tem o projeto de abrir uma escola de atendimento e escrever dois livros, que já têm até títulos. Um deles seria Como ser bem atendido?. “Porque às vezes o cliente atrapalha ao garçom a atendê-lo. Às vezes ele pede uma cerveja e não quer que a gente sirva, ele pede uma comida, o garçom vai servir à francesa e ele não deixa. Vou escrever um livro mostrando para o cliente como ele pode ser bem atendido, para ele deixar o funcionário fazer o trabalho dele”, justifica. O outro livro seria Como atender bem? “Porque hoje em dia infelizmente os nossos garçons não têm formação nenhuma”, esclarece. Enquanto isso, ele vai treinando. No momento presta assessoria em uma pastelaria chamada Mega Pastel, treinando os atendentes do balcão a recepcionar bem os clientes. Se depender do atendimento, com certeza a pastelaria vai lotar.

Prêmio Mais Admirados da Gastronomia em Goiás 2012,

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