quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Transtorno da ansiedade generalizada pode ser controlado com medicamentos e terapia

O transtorno da ansiedade generalizada caracteriza-se por um estado crônico de ansiedade, com alguns sintomas característicos, mãos tremulas e frias, dores pelo corpo devido à tensão constante, suor excessivo, sensação desagradável na cabeça e aumento dos batimentos cardíacos. Quem explica estes e outros detalhes dessa doença que atinge cada vez mais um número maior de pessoas, nestes tempos tão conturbados, é o psiquiatra e psicoterapeuta Paulo Maurício de Oliveira, que é também mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (2006), atuando principalmente nas seguintes áreas: psiquiatria clínica, epilepsia, transtornos do humor, do comportamento e orgânicos. Trabalhou como médico psiquiatra na Secretaria de Estado da Saúde — Goiás, à disposição do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) de 2002 a 2010, no Ambulatório de Psiquiatria e na preceptoria da Residência Médica em Psiquiatria. Atualmente é professor assistente do Departamento de Saúde Mental e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFG nas disciplinas Psicologia Médica I e II.

O que é o transtorno da ansiedade generalizada?
O aspecto essencial é a própria ansiedade, vivenciada a maior parte do tempo persistentemente, ela não é restrita ou predominante em qualquer circunstância ambiental em particular, isto é, livremente flutuante. Os pacientes têm sentimentos contínuos de nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, sensação de cabeça leve, palpitações, tonturas e desconforto epigástrico, medos de que ele próprio ou um parente irá adoecer ou sofrer um acidente. São preocupados excessivamente e sofrem com seus pressentimentos. O transtorno é mais comum em mulheres e frequentemente relacionado a estresse ambiental crônico. Seu curso é variável, mas tende a ser flutuante e crônico.

Como diferenciá-lo da ansiedade normal ?

A ansiedade normal é de intensidade bem mais amena, pode estar relacionada com algum acontecimento recente ou momentâneo, quase sempre a própria pessoa domina algum tipo de mecanismo psicológico que é suficiente para diminuir o sintoma. Por exemplo os pacientes relatam coisas do dia a dia como sair para passear, conversar com alguém, fazer alguma coisa que gostam.

Existem grupos de riscos?

Sim. O transtorno é mais comum nas mulheres, mas ocorre em ambos os sexos. Pessoas que estão expostas à solicitação de desempenho de alta performance são mais vulneráveis. As que não gostam ou não podem tirar férias também.

É comum vir associado a outros transtornos?

Sim. São comuns os sinais de depressão, transtornos fóbicos, transtorno do pânico e transtorno obsessivo compulsivo.

Existe tratamento medicamentoso ou a terapia resolve?
O tratamento deve seguir a uma orientação cada vez mais utilizada em medicina, conhecida como tratamento da pessoa, isto quer dizer, que não existe um formato fixo, a escolha deve ser individualizada. Os medicamentos mais apropriados pertencem ao grupo dos antidepressivos inibidores de receptação de serotonina/noradrenalina, receitados nas receitas brancas controladas. Medicamentos conhecidos como ansiolíticos ou calmantes podem ser úteis no início do tratamento, para um grupo restrito de pacientes. Estes medicamentos são receitados nas receitas controladas azuis. A psicoterapia é um tratamento complementar importante, nas suas variadas formas: psicodrama, psicanálise, terapia comportamental cognitiva.

É possível se curar, ou é uma doença que tem apenas controle?

Os transtornos mentais genuínos são heredo-familiares e têm componentes adquiridos na interação com o meio ambiente, por isso, mudança nos hábitos de vida podem ter um impacto importante no curso futuro da doença, criando um novo tipo de equilíbrio dos fatores envolvidos na origem dos sintomas. Como em outras especialidades médicas, os sintomas têm tratamento, podendo chegar à cura, mas na maioria dos casos o alvo é o controle do sofrimento psíquico vivido pelos pacientes.


PRINCIPAIS SINTOMAS
Ficar bastante nervoso, mãos trêmulas e frias, dores pelo corpo devido à tensão constante, suor excessivo, sensação desagradável na cabeça, aumento dos batimentos cardíacos, tonturas, desconforto no estômago, preocupações exageradas com os acontecimentos comuns da vida, medo de doenças, medo de que alguém da família possa adoecer, sentir os sintomas de doenças quando alguma pessoa famosa anuncia que está doente. Praticamente quase todos os transtornos mentais são acompanhados de ansiedade.


Revista NeuroAção, dezembro de 2011.


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