sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Medicamentos e gestação: cuidados que gestantes e futuras gestantes devem ter

A gravidez é um momento de importante mudança emocional para a mulher, havendo um grande aumento do estresse e da ansiedade

Por Luciana Silva dos Anjos França,
Ginecologista e Obstetra - CRCRM-GO 8535

O uso de medicamentos durante a gravidez é um evento extremamente frequente. Aproximadamente dois terços das mulheres grávidas usam algum tipo de medicação, além de vitaminas; e ainda 50% das gestações não são planejadas, levando a um risco aumentado de exposição a um potencial teratógeno (medicação que pode causar alguma malformação no feto).

Até hoje, a identificação dos teratógenos é realizada principalmente pela observação na prática médica diária. Na maioria dos casos, o “risco” à saúde do concepto não é absolutamente conhecido.
A natureza foi, como sempre, extremamente sábia em relação à chamada Fase Embrionária da Gravidez, que corresponde aos 20 primeiros dias da concepção. Os medicamentos administrados nessa fase podem causar apenas dois efeitos: ou matam o feto ou não comprometem a gestação. Isso pode aliviar as gestantes que estão em uso de algum medicamento mas não sabem ainda que estão grávidas. Há tempo suficiente para interrompê-lo se for reconhecidamente danoso à gestação.

Depois dessa fase embrionária, vem a Fase da Organogênese, que ansiedade vai da 3ª à 8ª semana. Esse sim é um período crítico em relação às possibilidades de malformações. Já os medicamentos administrados durante o 2º e o 3º trimestres raramente produzirão malformações, ainda que alguns possam alterar o crescimento normal de órgãos fetais.

A consulta pré-concepcional deve ocorrer de preferência pelo menos 3 meses antes da suspensão da anticoncepção. O uso de ácido fólico antes da concepção e até as 12 semanas tem um forte efeito protetor, reduzindo em até 70% a incidência de defeitos de tubo neural, como anencefalia e espinha bífida; e consequentemente o risco de aborto.

A prática de exercícios físicos deve ser encorajada no período pré-concepcional e durante a gestação, tomando cuidado no sentido de manter nutrição e hidratação adequadas antes e após a atividade física.

DOENÇAS CRÔNICAS
As pacientes devem ser informadas sobre o efeito da gestação em relação a sua doença, uma vez que tanto a gestação pode levar à descompensação da doença, como a doença pode levar à complicação da gestação.

O tratamento de doenças crônicas deve ser revisado e modificado, se necessário, antes do início da gestação. Em pacientes diabéticas ou com problemas na tiroide, é importante controlar estas doenças antes que ocorra a gravidez. A comunicação entre obstetras e outros especialistas assegura o melhor resultado possível para a mãe e para o bebê.

Além disso, a gravidez é um momento de importante mudança emocional para a mulher, havendo um grande aumento do estresse e da ansiedade. Com frequência a medicação adequada pode ser indispensável para o tratamento desses transtornos, a despeito de a paciente estar grávida.

VÍCIOS

Em relação às drogas lícitas e ilícitas, todas podem causar malformações fetais. A exposição pré-natal ao álcool é a principal causa de retardo mental passível de prevenção. O uso crônico e em doses elevadas está associado à síndrome alcoólica fetal. Como não existe dose segura de álcool na gestação, a melhor estratégia é a abstenção. O tabagismo materno está associado a diversas complicações obstétricas, incluindo baixo peso e prematuridade. Esses riscos podem ser bem menores em mulheres que interrompem o fumo durante a gravidez.

Sendo assim, o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas deverá ser totalmente suspenso, juntamente com o desejo de engravidar. Finalmente, diante de um curioso ou parente ‘bem intencionado’ o qual recomenda que se deva ou não consumir algum medicamento durante a gravidez, consulte seu médico.

DOENÇAS NA GESTAÇÃO
As pacientes que nunca tiveram rubéola ou não foram vacinadas deverão receber a vacina pelo menos três meses antes de suspender a anticoncepção. Aquelas que não tiveram contato com a toxoplasmose devem ser orientadas a ter maior atenção para a exposição a fezes de gatos, utilizando luvas ao lidar com terra; evitar a ingestão de carne crua ou mal cozida, e de frutas e verduras cruas mal lavadas; consumir apenas água filtrada ou fervida. Especial atenção deverá ser dada às doenças pré-existentes, que possam prejudicar o feto e o curso da gestação, como diabetes, hipertensão, epilepsia, doenças reumáticas, doenças da tiroide, tromboembolismo, depressão, dentre outros.

Informativo Via Médica, novembro de 2011.

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