terça-feira, 29 de novembro de 2011

Para aliviar o excesso de carga nos pés

Especialista afirma que palmilhas servem para suprimir carga e não para corrigir deformidades

Calos, sapatos apertados e excesso de carga. Todos esses fatores fazem com que a pessoa busque auxílio para aliviar as dores nos pés. Um dos recursos mais utilizados, mas nem sempre o mais correto é o uso da palmilha. Para o especialista em Cirurgia do Pé, Grimaldo Martins Ferro, o uso da palmilha é um pouco controverso. O material visa supressão de carga em áreas de sobrecarga ou transferência de carga. Eventualmente, ajuda a mudar o apoio. Mas normalmente não possui fator corretivo nem para crianças nem para adultos.

A palmilha é feita com o intuito de retirar o excesso de impacto em determinado ponto. Isso pode ser avaliado pelo próprio exame clínico, o podobarometria. Ele ainda afirma que a palmilha pode ajudar na redução de lesões. O especialista explica que teve uma época que se usava palmilha para tudo. “Se a criança tinha o pé plano, pé chato, usava-se a palmilha para correção, para melhorar o apoio”, relembra. O ortopedista ressalta que do ponto de vista científico, palmilhas ou botas não possuem fator de correção de deformidades. Mas, visam distribuição melhor de carga. “No caso das crianças com pé chato, o que determina a mudança desses pés é o próprio crescimento, desenvolvimento das estruturas ósseas, ligamentares e músculos”, esclarece.

Em relação a diabetes, o uso da palmilha tem outra função. Grimaldo diz que a diferença está no fato que o pé diabético às vezes possuir áreas de sobrecarga, perda da sensibilidade protetora e falta de circulação, principalmente nas extremidades. “Ao perder a sensibilidade, o diabético perde o fator de proteção que é a dor e começa a pisar com áreas de sobrecarga, podendo desenvolver úlcera”, destaca.

SEGURANÇA
O especialista orienta que o calçado do diabético deve ser liso, confortável, macio e sem costura por cima, e por baixo deve ter amortecimento. As palmilhas terão a função de suprimir a sobrecarga em áreas com pressão. Devem acolchoar o pé ou fazer um contato total para evitar a sobrecarga. Grimaldo Ferro ainda frisa que as palmilhas devem ser adaptadas, de preferência feita sob molde para aquele paciente em especial com calçado adequado. “Os diabéticos possuem também muita deformidades nos dedos, por isso o calçado deve ser alto na frente”, alerta o ortopedista. E, complementa: “para o diabético, a palmilha funciona como distribuidor na supressão de carga na área que sofre pressão e como amortecimento”, descreve.

USO CORRETO
Em pacientes normais que não possuem sequelas, não há indicação para o uso de palmilhas. Porém, o ortopedista ressalta que há casos, como as mulheres que usam bastante salto, em que há dores na parte da frente nas articulações nos dedos. “Às vezes existem tipos de palmilhas que protegem, amortecem essa região ou transferem carga. O difícil é adaptá-las para o tipo de calçado feminino”, pondera Grimaldo Ferro.

A palmilha ainda é utilizada, mas de forma temporária, nos casos de esporão, fascite plantar, em pessoas que possuem dores em baixo do calcanhar. “A função da palmilha é agir como fator de amortecimento para supressão de dor. Mas, nunca como fator de correção”, alerta o ortopedista.
Grimaldo Ferro frisa que é importante lembrar que o pé é uma estrutura de carga e quanto mais amortecimento melhor para região. Ele adverte que o indivíduo precisa apenas tomar cuidado se for praticar corrida ou outra atividade diária que exercite muito e sobrecarregue o pé. “Pode acontecer de um indivíduo jovem nunca possui dor”, diz. Entretanto, esclarece o médico, com a idade pode ser que o pé fique cansado de transportar. “Da mesma forma que para um veículo é importante o amortecedor, para nosso pé é assim também. Por isso, que certos pés formam calos em consequência da sobrecarga”, conclui.

Revista Ortopedia em Goiás, novembro de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário