Retinopatia diabética: controle deve começar cedo

A perda parcial ou total da visão é uma das consequências mais graves e conhecidas do diabetes melitus, tanto no tipo 1 quanto no tipo 2. Se nada for feito antecipadamente, com o passar dos anos a visão torna-se turva e diminuída. Apesar de todos os esforços de saúde pública, a retinopatia diabética continua a ser uma das principais causas de cegueira nos países desenvolvidos. O oftalmologista Marcos Ávila, diretor do Centro de Referência em Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, explica como é a evolução da doença, prevenção e o que pode ser feito para mantê-la sob controle.

Dois tipos de retinopatia

O diabetes afeta o olho fazendo com que haja lesão nas veias e nas artérias e começam a ocorrer áreas de sangramento na retina, seguido de gorduras infiltradas. Existem dois tipos de retinopatia diabética, a exsudativa que apresenta apenas gordura e hemorragia na retina. As gorduras são secundárias ao que chamamos de microaneurismas na retina. O outro tipo é denominado retina diabética proliferativa, que, com a formação de isquemia ocorre o crescimento de uma estrutura extremamente ruim, chamada de neovasos, que causam descolamento de retina e hemorragia intraocular.

Ação do tempo

Para apresentar a retinopatia, depende do tempo que a pessoa é portadora do diabetes e do nível de controle. Indivíduos que não conseguem controlar a glicemia, normalmente apresentam retinopatia precocemente. No entanto, todo diabético, mesmo sendo disciplinado, depois de 15 anos da doença, tem chance de apresentar retinopatia. A maioria, se não tratar precocemente, tem a tendência de perder um pouco ou muito da visão.

Tratamento medicamentoso e cirurgia

O tratamento de eleição é a aplicação de laser nas fases iniciais. Se o paciente não é tratado nessa fase, pode evoluir para o que chamamos de edema macular intenso, que o melhor meio de tratar disponível hoje é com substâncias chamadas de antiangiogênicos e o medicamento mais eficaz chama-se Lucentis. Outro meio de tratarmos é a realização de uma cirurgia, delicada, chamada de vitrectomia, que é feita somente quando há hemorragias do vítreo ou descolamento da retina.

Prevenção

A melhor maneira de prevenir é não deixar que haja descontrole do diabetes. O segundo meio é fazermos o laser antes que a retinopatia esteja mais avançada. E o terceiro é tratar antes que ocorra complicações mais graves. Quem tem o diabetes controlado deve ir ao oftalmologista de seis em seis meses. E a qualquer sinal de descontrole, deve procurar o oftalmologista antes.

Quando marcar exames

• Os diabéticos devem marcar exames nos olhos com dilatação da pupila pelo menos uma vez ao ano. Exames mais frequentes podem ser necessários depois de diagnosticada a retinopatia diabética
• O nível de açúcar no sangue deve estar sob controle regular durante alguns dias antes de ir ao oftalmologista
• Recomenda-se que grávidas portadoras de diabetes marquem uma consulta no primeiro trimestre, porque a retinopatia pode progredir rapidamente durante a gravidez

Revista Diabetes em Goiás, março de 2011