quinta-feira, 3 de março de 2011

Dislexia na infância prejudica aprendizagem

Maria das Graças Brasil, neurologista

Especialista em Neurologia Pediátrica, a médica Maria das Graças Brasil aborda vários aspectos da dislexia e detalha: “O cérebro do disléxico se diferencia do cérebro de leitores normais. Nos leitores normais, o plano temporal esquerdo é maior que o direito. No disléxico, o plano direito do lobo temporal tem praticamente a mesma dimensão que o esquerdo. Há inclusive no cérebro do disléxico alterações na citoarquitetura do cerebelo e do tálamo”. 

Primeira infância 
A primeira infância é conceituada como o período compreendido entre o nascimento e os seis anos de idade. Nesta fase da vida, alguns sinais devem ser observados pois podem sinalizar para o desenvolvimento futuro de uma dislexia: lentidão da aquisição da fala e linguagem expressivas, inabilidade para fazer rimas ou dividir a palavra em fragmentos, dificuldade para reconhecer letras e evocar palavras. Deve-se suspeitar sempre que uma criança tenha dificuldade em adquirir a leitura na idade habitual, sem que haja qualquer debilidade ou deficiência sensorial. O déficit primário do disléxico está no processamento fonológico e na memória de curto prazo. 

Sinais e sintomas 
A dislexia resulta de uma alteração do neurodesenvolvimento caracterizada pela dificuldade de uma criança em idade escolar para aprender a ler, embora seja inteligente e não sofra de nenhuma anormalidade neurológica e/ou psiquiátrica objetiva, evoluindo em contextos familiar e escolar adequados. Não há como falar em dislexia até os sete anos e meio de idade. Comparados a seus pares, os disléxicos têm uma defasagem de dois anos em leitura e escrita. Não existe um sintoma único. 

Genética 
Existem evidências de contribuição genética no aparecimento da dislexia. Vários estudos em gemelares sugerem forte componente genético nas habilidades de reconhecimento de palavras. Pesquisas apontam dois marcadores: cromossoma 15 e cromossoma 6. 

Formas mais graves 
Normalmente, a leitura se processa por meio de duas vias: a rota léxica ou direta em que há uma conexão direta entre a forma visual da palavra, a pronúncia e o significado na memória lexical. Utiliza-se esta via na leitura de palavras familiares. Para palavras desconhecidas, usa-se a via fonológica, indireta, pré-léxica em que há, na leitura, um processo de recodificação fonológica pela aplicação de um conjunto de regras de conversão letra-som. Dependendo da via disfuncional, tem-se tipos diferentes de dislexia. O comprometimento da via fonológica leva a dificuldades na leitura de palavras não familiares, sílabas sem sentido ou palavras inexistentes na língua (dislexia fonológica ou disfonética). Já o mau funcionamento da via lexical prejudica a leitura de palavras irregulares, com silabações, repetições e retificações (dislexia lexical ou de superfície). Pode ser que a pessoa tenha o comprometimento das duas vias. São formas mais graves de dislexia. 

Tratamento 
A Sociedade Internacional de Dislexia afirma que o tratamento é fundamentalmente educacional. A reeducação da linguagem escrita envolve a participação de fonoaudiólogos e psicopedagogos treinados para trabalhar com pessoas portadoras de transtorno específico da linguagem escrita.

SINAIS E SINTOMAS 

• Leitura e escrita incompreensíveis
• Confusão de letras com diferente orientação espacial (b/d)
• Inversões de sílabas ou palavras
• Substituição de palavras com grafia semelhante
• Supressão ou adição de letras ou sílabas
• Repetição de sílabas ou palavras
• Fragmentação inadequada e dificuldades na compreensão do texto
 
Revista Neuronotícia, fevereiro de 2011

Um comentário:

  1. Fernando Freitas Almeida tenho 38 anos obrigado saudade muito de VC dr meu celular meu 999981142

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