A resistência insulínica pode ser determinada geneticamente e também pode ser causada por algumas doenças. Mas ela ocorre principalmente quando existe excesso de gordura corporal, em especial quando localizada na região do abdome e associada à falta de atividade física regular. Estes e outros detalhes são esclarecidos pelo endocrinologista Haroldo Souza, que é também preceptor da Residência de Clínica Médica e Endocrinologia do Hospital Geral de Goiânia. Confira.
O que é resistência insulínica?
A insulina é um hormônio secretado pelo pâncreas, em resposta a um elevação do açúcar no sangue, com o objetivo de estimular a captação, a entrada de glicose (açúcar), no interior das células. A resistência insulínica é definida como uma condição clínica, na qual a insulina não consegue exercer esse efeito plenamente. O tecido gorduroso, o fígado e o músculo, não respondem adequadamente à insulina. Nas pessoas que apresentam esse defeito metabólico, essa resistência é vencida por meio de um aumento na produção e secreção de insulina. Entretanto, os indivíduos que não conseguem produzir essa quantidade extra de insulina, desenvolvem diabetes e outras doenças relacionadas por elevação do açúcar no sangue.
Em que situações ela ocorre?
A resistência insulínica pode ser determinada geneticamente, mas, sem insulínicadúvida, ela ocorre principalmente quando existe excesso de gordura corporal, em especial quando localizado na região do abdome, conhecido como obesidade visceral, associado ao sedentarismo, ou seja, à falta de atividade física regular. Existem outras situações, onde esta resistência também esta presente, como na síndrome dos ovários policísticos e no uso de alguns medicamentos, por exemplo os corticosteroides.
Como é feito o diagnóstico?
O aumento dos níveis circulantes de insulina é o marcador dessa condição clínica, pois como já foi dito, na presença da resistência, o pâncreas secreta, se possível, uma quantidade extra desse hormônio, elevando, consequentemente, seus níveis sanguíneos. Porém o simples aumento da cintura abdominal é um marcador clínico dessa doença, assim como a presença do aumento de pigmentação nas dobras cutâneas.
Quais os riscos que a pessoa corre quando o organismo tem essa resistência?
O principal risco é o desenvolvimento de diabetes, que ocorre 85% das vezes em pacientes com sobrepeso ou obesidade. Porém, além dessa doença, a resistência insulínica pode causar elevação da pressão arterial, alteração dos níveis de gordura no sangue, com aumento de colesterol, triglicérides e diminuição do chamado bom colesterol, culminando em um maior risco de doenças cardíacas e vasculares. Outra condição frequentemente presente é a apneia do sono, que tem como sintoma pausas na respiração durante o sono, levando os indivíduos a terem sonolência e cansaço diurnos, com prejuízo às suas atividades profissionais. A deposição de gordura no fígado, conhecida como esteatose hepática, que pode dar origem à cirrose, assim como a elevação dos níveis de ácido úrico no sangue, com desenvolvimento da “gota”, também têm como pano de fundo a resistência insulínica.
TRATAMENTOS DISPONÍVEIS
Não existe nada mais efetivo para melhorar a ação da insulina do que a perda de peso, ou melhor, a perda do excesso de gordura abdominal e a prática regular de atividade física (mínimo de 150 minutos por semana). Medidas simples, mas extremamente difíceis de serem atingidas, pela maioria dos indivíduos. A mudança dos hábitos alimentares, com a adoção de uma dieta equilibrada, pobre em gordura e açúcares simples, rica em fibras e cereais integrais, associada à prática de exercícios regulares, são as pedras angulares no tratamento dessa patologia. Outra forma de combater esse defeito, é por meio do uso de alguns medicamentos, como a metformina, que ao combater a resistência insulínica, é extremamente eficaz em diminuir os níveis de açúcar no sangue, ajudando no bom controle do paciente com diabetes. Atualmente, diversas drogas estão em fase de desenvolvimento. Certamente, teremos muitas novidades, em futuro próximo. O importante é conscientizar a população dessa condição, para que possamos, por meio dessas simples, mas efetivas medidas, diminuir o risco de doenças do coração, como infarto agudo do miocárdio e derrames cerebrais, principais causas de óbito no mundo contemporâneo.
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