segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Entre a euforia e a depressão

Quem experimenta com frequência estas duas sensações extremas de forma contínua e aguda pode ser portador do Transtorno Afetivo Bipolar, doença que atinge 1,5% de pessoas no mundo

O Transtorno Afetivo Bipolar, antigamente denominado psicose maníaco-depressiva, é uma doença relacionada ao humor, que acomete cerca de 1,5% da população mundial. Trata-se de alterações relevantes e com certa duração do humor, com ocorrência de episódios depressivos e maníacos (eufóricos) ao longo da vida. É uma doença crônica, assumindo caráter de gravidade em alguns casos, mas com excelente recuperação com o tratamento. Quem informa é o psiquiátrica Diego Franco de Lima, diretor da Associação Psiquiátrica de Goiás. “Embora tenha um quadro clínico variado, é um dos transtornos com sintomatologia mais consistente da psiquiatria. Sua forma típica (euforia-depressão) é bem caracterizada e reconhecível, permitindo o diagnóstico precoce e confiável”, assegura.

O diagnóstico é clínico e, segundo Diego Franco, na maioria das vezes feito por médico psiquiátra e não há exames de imagem ou capazes de detectar fidedignamente a doença. “É preciso estar atento às crianças e adolescentes, porque o diagnóstico precoce poderá reduzir os danos. A orientação educacional da população neste sentido se faz imperativa. A atualização constante do profissional em cursos e congressos médicos também é valiosa e necessária”, considera.

Diego explica que as causas ainda são desconhecidas da medicina, mas o que se sabe de concreto é as alterações têm cunho genético, associadas a eventos ambientais desfavoráveis. “Há comorbidade com diversas outras condições médicas. Merece destaque a associação frequente do consumo elevado de álcool e drogas ilícitas”, alerta.

Euforia e depressão
De acordo com ele, o estado de humor ou de ânimo do portador do transtorno pode experimentar uma variedade de alterações, com intensidade também variável. Na euforia, por exemplo, verifica-se compulsões por comprar, falar em excesso (denominada logorreia), aceleração do pensamento, insônia e agitação psicomotora. Já na depressão os sintomas são a perda do interesse por atividades antes prazerosas (chamada anedonia), choro fácil, angústia e ideias relacionadas à baixa autoestima.

A boa notícia é que a maioria dos paciente portadores de Transtorno Afetivo Bipolar, ao ser submetido ao tratamento especializado com médicos psiquiatras, recupera-se plenamente, com retorno a todas as atividades do seu cotidiano, sem nenhum prejuízo para a sequência da vida. “O tratamento é baseado no psicofármacos, os chamados estabilizadores do humor, os antipsicóticos, antidepressivos e ansiolíticos. Nos casos de maior gravidade há indicação de internação hospitalar. A atuação de uma equipe multidisciplinar, com orientações psicoterápicas e psicoeducacionais também são recomendadas”, orienta, acrescentando que há diversas medicações em teste pelo mundo. “Tivemos a aprovação recente pelo FDA dos antipsicóticos atípicos para tratamento da doença, especialmente nas depressões bipolares”, finaliza.


Revista Neuronotícia, novembro de 2011.

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