Ana Cris Duarte | Obstetriz e educadora perinatal
No Brasil, as taxas de cesárea estão entre as mais altas no mundo, chegando à mais de 80% em alguns hospitais. A cesárea, em diversas ocasiões, é a única opção para salvar as vidas de mãe e bebê, mas nem sempre essa cirurgia tem sido feita por essa razão. Por isto falamos em resgatar o parto como um processo fisiológico normal da mulher.
Como fazer para tornar-se protagonista de seu parto, do nascimento de seu filho, momento mobilizador de tantas emoções e carregado de tanto significado? Necessitamos tanto de informação quanto de apoio, daí a importância de se fazer uma boa preparação para o parto. Mas para que nos preparar se o processo todo é tão normal? Justamente porque vivemos numa sociedade e numa cultura onde o parto não é mais visto como um processo normal — nós duvidamos da nossa capacidade de dar à luz.
De cócoras
Gravuras antigas apresentam mulheres ajoelhadas, de cócoras, ou em banquinhos baixos de parto. Inclusive é bastante comum ver nessas figuras alguém dando suporte por trás, segurando a parturiente por baixo dos braços. Do ponto de vista fisiológico, as posições verticais (de cócoras, de quatro, sentada, etc.) são as que mais favorecem a descida do bebê e consequentemente, um parto tranquilo, sem intervenções. Estamos falando do parto em si, e não do trabalho de parto, que pode durar horas e até dias. A posição de cócoras é vantajosa durante o período expulsivo, que dura de alguns minutos a uma hora, na maioria dos casos. Durante todo o trabalho de parto, é ideal que a mulher possa andar, sentar, tomar banho, etc.
Parto na água
É uma modalidade de nascimento onde a mulher fica dentro da água durante o período expulsivo de modo que o bebê chega ao mundo no meio aquático, exatamente como estava no útero. A água é aquecida a 36ºC, o ambiente geralmente fica à meia luz e o pai ou acompanhante pode entrar na banheira com a mãe.
Os registros de incidentes nos partos aquáticos são raros e comparado com partos na mesa ginecológica o parto na água não perde em segurança, mas ganha em qualidade do nascimento. O uso da banheira ainda pode ser iniciado antes do período expulsivo, para relaxamento e para a suavização das sensações do trabalho de parto. As contrações ficam menos fortes e o bebê pesa menos sobre o colo do útero. As mulheres saem instintivamente da água na hora do bebê nascer, preferindo ficar sobre um colchão, de cócoras, deitada em posição semi-reclinada, ou até de lado.
Jornal do Dia Internacional da Mulher, março de 2011
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